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Jaru, 17 de maio de 2024

Menino de 11 anos descobre câncer após bater perna em trave de gol: ‘serviu para mostrar o tumor’, diz mãe

Dançar, correr e brincar. Ação normal para qualquer criança com saúde. No entanto, a rotina dos pequenos que lutam contra o câncer está submetida a ter um acesso venoso e entrada e saída de hospitais logo após uma sessão de quimioterapia. Neste sábado (15) é lembrado o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil.

Aos 11 anos, Ruan Oliveira foi diagnosticado com câncer no final do ano passado. A mãe dele conta que tudo começou durante um jogo de futebol em frente a casa deles em Boa Vista (RR), a cerca de 1,6 quilômetros de Porto Velho. O menino bateu a tíbia esquerda na trave do gol.

“Ele sempre gostou de jogar bola. É normal uma criança se bater nas coisas, mas o caso do meu filho é que ele não conseguia colocar o pé no chão. Estava mancando o tempo todo, foi quando o levei no ortopedista. O médico me disse que não era nada”, lembra Andreia Oliveira.

Mas a mãe de Ruan só passou a considerar que poderia ser um diagnóstico de câncer quando ela o levou a um outro médico, um clínico.

“Um dia o Ruan estava andando de bicicleta, caiu e se machucou de novo. O levei ao hospital, pedi para bater um outro raio-x. Foi quando o clínico na emergência me disse assim ‘olha, não é querendo te assustar, mas creio que seu filho está com tumor ósseo’. Foi quando comecei a me preocupar mais e pedi para fazer uma tomografia. Descobriram que a batida serviu para mostrar que o tumor já estava lá”, explica Andreia.

Ruan luta atualmente contra um câncer de osteossarcoma, um tipo ósseo da doença, que começa nas células formadoras dos ossos.

Ambos chegaram em Rondônia em dezembro de 2019, época em que Ruan iniciou o tratamento no Hospital de Amor da Amazônia. Quando o menino não está nas sessões de quimioterapia, que duram 8 horas, fica no Núcleo de Atendimento à Criança com Câncer (Nacc), na Avenida Vieira Caula, em Porto Velho.

De lá para cá, o boavistense tem no celular um companheiro para os longos dias que antecedem sua alta do tratamento.

“Fico a maior parte do meu dia dentro do quarto. Não gosto muito de ficar andando por aí. Tenho medo de me machucar. Aqui, sinto muita falta da minha família. Por isso sempre assisto alguma ou qualquer coisa no celular”, diz Ruan, de forma tímida e cansada.

Em uma análise feita pela mão de Ruan, essa fase do tratamento tem mostrado o quanto o filho de Andreia tem amadurecido.

“Mas é complicada. Por mais que a gente tenha gerado um filho e o tenha visto crescer, esse amadurecimento precoce não é esperado. A gente quer que nossos filhos tenham suas fases. Mas nessa situação em que vivemos é preciso ter amadurecimento para passar por ela. Com o Ruan não é diferente. É difícil passar por tudo isso, ainda mais pra gente que está tão longe de casa”, detalha.

Leucemia

Maria Angélica deixou a família na Bolívia para buscar um tratamento gratuito contra a doença para o filho, diagnosticado com leucemia.  — Foto: Jheniffer Núbia/G1

Maria Angélica deixou a família na Bolívia para buscar um tratamento gratuito contra a doença para o filho, diagnosticado com leucemia. — Foto: Jheniffer Núbia/G1

A luta contra a leucemia, câncer que ocorre na formação das células sanguíneas, que Guido Joca enfrenta desde os três anos tem data para terminar. O tratamento, segundo a mãe do pequeno, Maria Angélica, segue até agosto deste ano.

Ele tem quatro anos e é natural de Guayaramerín, na Bolívia. Maria Angélica conta que viu no país vizinho uma forma de lutar pela vida do filho. Guido também faz o tratamento contra a doença no Hospital de Amor da Amazônia.

“O tratamento da Bolívia é pago, não é gratuito como é aqui no Brasil. Foi por isso que decidimos vir com ele para cá. Foi duro passar por tudo o que passamos. Deixei minha filha com dois meses de nascida com o pai dela, pois preciso cuidar do Guido. Fiquei sozinha aqui com ele. Deus esteve sempre comigo. Estamos quase terminando essa luta tão grande”, diz, emocionada.

O Hospital do Amor da Amazônia (ala infantil) fica no Km 15 da BR-364, em Porto Velho. Segundo a gerencia da pediatria do local, a unidade hospitalar diagnosticou no ano passado 142 casos novos de câncer e oito no início deste ano. Dos casos que existem atualmente no hospital, 37 são entre meninos e 99 entre meninas.

Sinais e sintomas

Especialistas destacam que não existe prevenção contra o câncer na infância, mas sim diagnóstico precoce. Com isso, pais ou responsáveis devem ficar atentos aos seguintes sintomas:

  • Dores de cabeça
  • Vômito
  • Caroços no pescoço, axilas e virilha, línguas que não desaparecem.
  • Dores nas pernas que não passam e atrapalham as atividades das crianças.
  • Manchas arroxeadas na pele, com o hematomas ou pintinhas vermelhas.
  • Aumento do tamanho de barriga.
  • Brilho branco em um ou nos dois olhos quando saem em fotografias com flash.

O tratamento é por meio da quimioterapia, da radioterapia e da cirurgia.

NACC Rondônia

Dentro do Nacc tem a brinquedoteca para as crianças em tratamento — Foto: Jheniffer Núbia/G1

Dentro do Nacc tem a brinquedoteca para as crianças em tratamento — Foto: Jheniffer Núbia/G1

O Núcleo de Apoio a Criança com Câncer (Nacc) de Rondônia tem a sede na Avenida Vieira Caúla, em Porto Velho. O local conta com capacidade de receber 67 crianças com seus acompanhantes. No ano passado, 5.364 crianças foram atendidas na casa.

“Damos assistência para crianças que recebemos na casa, que são de fora da cidade, do estado e até mesmo do pais. Mas também damos assistência às crianças que moram aqui na capital, por meio dos nossos serviços”, explica a gestora do Nacc, Lenice de Souza.

Os pacientes em tratamento da doença são encaminhados ao local, após efetivarem o cadastro no Hospital de Amor da Amazônia. O Nacc oferece alimentação, café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar, além da hospedagem e transporte.

Em contrapartida, os acompanhantes ajudam na limpeza da casa e na cozinha, como elaborar a refeição auxiliando a cozinheira. Tem atendimento voluntário feito também por uma fonoaudióloga, fisioterapeuta e psicólogo.


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