O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira (10) em uma rede social o professor Milton Ribeiro como novo ministro da Educação. Logo após o anúncio, a nomeação foi publicada em uma edição extra do “Diário Oficial da União”.
Ribeiro será o quarto ministro a comandar a pasta desde o início do governo Bolsonaro. Os antecessores são Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub e Carlos Decotelli. Este não chegou a ficar uma semana no cargo.
Ribeiro, que é professor e pastor, está ligado a ala evangélica do governo. Ele terá quatro principais desafios à frente da pasta:
- aprovar o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)
- realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020
- orientar e dar apoio às redes para o ano letivo na pandemia
- implantar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Veja a seguir a repercussão da nomeação do novo ministro.
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime): “A Undime, instituição que representa os dirigentes responsáveis pela gestão da educação pública nos 5.568 municípios do país, vem a público manifestar-se sobre a importância de que a nova gestão do Ministério da Educação, no comando de Milton Ribeiro, venha ao encontro dos anseios de estados e municípios, e que priorize o diálogo e a transparência. Espera, ainda, que haja avanços em questões importantes para a educação brasileira, como a aprovação do Novo Fundeb Permanente, que terá sua vigência encerrada em dezembro de 2020; a implementação da Base Nacional Comum Curricular; a instituição do Sistema Nacional de Educação; e o cumprimento das metas e estratégias do Plano Nacional de Educação.”
União Nacional dos Estudantes (UNE), no Twitter: “Com ainda poucas informações sobre o novo Ministro do Educação, compreendemos que dificilmente apenas uma mudança de nome poderá significar a mudança da forma com que o governo encara esse setor. Reafirmamos que o problema da educação no Brasil é Bolsonaro. Mas reforçamos nossa defesa da educação laica, pública, gratuita, de qualidade, com atenção e permanência aos estudantes do ensino básico, e do superior público e privado, de datas justas para o ENEM, e outras questões urgentes para a educação, que o governo tem ignorado. E a aprovação urgente do novo FUNDEB, cujo relatório consensual foi apresentado hoje e que contempla diversas das nossas reivindicações, importantíssimo para as escolas públicas brasileiras!”
Todos pela Educação: “Caso o objetivo seja melhorar a Educação brasileira, não são poucos os desafios do novo Ministro da Educação, Milton Ribeiro. A começar pelo reestabelecimento do diálogo e de uma gestão técnica pautada na construção de soluções com aqueles que, de fato, implementam a política educacional. Ou seja, exatamente o contrário do que o governo federal fez até aqui. Dado o contexto, a sua falta de experiência na gestão pública educacional é ponto importante de atenção. Além disso, as nomeações de integrantes para o Conselho Nacional de Educação realizadas hoje pelo Governo, deixando de fora representantes das redes de ensino, vão na contramão do que o momento exige e adiciona fervura a um quadro já tumultuado. A questão-chave que se coloca, portanto, é se o novo Ministro dará sequência à uma agenda desestabilizadora e voltada para a guerra ideológica, ou se buscará um caminho diferente e em sintonia com os desafios reais da educação brasileira, brutalmente acentuados pelo grave cenário da pandemia.”
Semesp – Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo: “O Semesp espera que a escolha do Prof. Dr. Milton Ribeiro como ministro traga uma nova orientação para o Ministério da Educação, com a adoção de uma política pública considerada como política de Estado que permita ao país superar seus atuais desafios nessa área. Reconhecidamente o novo ministro acumula experiências exitosas em sua trajetória profissional e elas deverão contribuir para que a educação brasileira resolva as questões de acesso e oferta de oportunidades de aprendizado com qualidade, em todos os níveis educacionais, para pessoas de diferentes perfis e diferentes condições sociais.”
Daniel Cara, professor da FE/USP e membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, no Twitter: “Sendo membro do governo Bolsonaro, não há qualquer expectativa de que faça um bom trabalho. No entanto, parte da nossa crítica venceu: ao menos, Ribeiro é doutor em Educação. Contudo, isso não basta.”
ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior) – “Milton Ribeiro é doutor em Educação, tem experiência em gestão universitária e um perfil discreto. A Universidade Mackenzie, onde ele atuou, é uma das mais tradicionais e prestigiadas instituições privadas do Brasil. Com esse currículo sólido, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) estima êxito ao professor no cargo de ministro da Educação. Este é um momento desafiador em consequência da pandemia da Covid-19 e toda a atenção será necessária para que a retomada segura das atividades acadêmicas presenciais.”
Moreira Franco, ex-ministro de Minas e Energia, no Twitter: “Venceu o bom senso. Novo Ministro da Educação é conservador, como deve ser em governo conservador, e ligado com o Congresso à academia. Aparentemente discreto, não deve ter a estridência ideológica dos anteriores. Mais um aceno à boa política e à negociação, sem fundamentalismos.”
Gregório Grisa, doutor em Educação e professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), no Twitter: “Atendo-se especificamente ao currículo acadêmico (Lattes) do pastor Milton Ribeiro que parece ser o novo ministro. Titulação: G -Teologia/Direito; M – Direito; D – Educação. Nenhum artigo e nenhum livro publicado sobre educação. Nenhuma experiência de gestão pública educacional. Novamente chama atenção ter feito mestrado em Direito e doutorado em Educação sem ter publicado nada, sem ter apresentado nenhum trabalho nas áreas, sem ter escrito um capítulo de livro ao menos. Caráter religioso é o mais evidente no currículo lattes.”
Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP): A Fenep deseja ao novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, que é doutor em Educação, com experiência em gestão universitária, pleno êxito na nova empreitada à frente dos desafios da educação brasileira. (…) A escolha (…) é uma ótima notícia para fecharmos a semana, pois temos inúmeros assuntos pendentes para tratarmos a Educação como pauta prioritária a fim de obter um ensino de qualidade no país.
Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed): “O Conselho Nacional de Secretários de Educação não vai se pronunciar sobre a escolha do novo ministro.”
José Guimarães, deputado federal, no Twitter: “Pastor Milton Ribeiro indicado pelo Bolsonaro para assumir a pasta da educação, esperamos que o novo ministro tenha compromisso com princípios constitucionais de uma educação pública, gratuita, de qualidade e LAICA!”
Talíria Petrone, professora de História e deputada federal, no Twitter: “Bolsonaro nomeou hoje o pastor presbiteriano Milton Ribeiro como ministro da Educação. Nenhuma surpresa: mais obscurantismo, negacionismo da ciência e austeridade nos investimentos. Novamente reafirmamos que só a luta muda a vida!”
Roberto Jefferson, ex-deputado federal, no Twitter: “Nosso desejo de sucesso ao novo ministro da Educação, Milton Ribeiro. Que possa fazer uma excelente gestão no Ministério. Boa escolha, Presidente!!”
Rozzana Barroso, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), no Twitter: “O problema não é o Ministro ser evangélico, o problema é ele se apresentar como Pastor. A educação precisa laica porque é única forma que o Estado pode garantir o respeito a todas as religiões. Postura que Bolsonaro não está tendo durante o seu mandato.”
Pastor Milton Ribeiro — Foto: Reprodução/Redes sociais