José Plácido de Castro (São Gabriel, 9 de Setembro de 1873 — Seringal Benfica, 11 de agosto de 1908) foi um político e militar brasileiro, líder da Revolução Acreana e que governou o Estado Independente do Acre. Era filho do capitão Prudente da Fonseca Castro, veterano das campanhas do Uruguai e Paraguai, e de Dona Zeferina de Oliveira Castro. Descendente de família cristã, recebeu no seu batismo o nome do avô José Plácido de Castro, o major paulista que, após combater na Campanha Cisplatina, trocou o chão paulista pelo do Rio Grande do Sul. Um de seus bisavós, Joaquim José Domingues, foi companheiro de Borges do Canto, na conquista das Missões em 1801, quando este território foi incorporado ao espaçõ brasileiro.
Plácido começou a trabalhar aos 12 anos – quando perdeu o pai – para sustentar a mãe e seus seis irmãos. Aos 16 anos, ingressou na vida militar chegando a 2° sargento do 1° Regimento de Artilharia de Campanha, mais conhecido como “Boi de Botas”, em São Gabriel, hoje quartel do 6° Batalhão de Engenharia de Combate. Quando foi deflagrada a Revolução Federalista, Plácido encontrava-se na Escola Militar do Rio Grande do Sul, o velho Casarão da Várzea, hoje Escola Militar. Um grupo de oficiais e cadetes pediu o fechamento da escola ao presidente Floriano Peixoto, para que pudessem participar, com as forças legais, no combate à Revolução Federalista. Plácido discordava da maioria: acreditava que Deodoro da Fonseca, o presidente anterior, não deveria ter sido substituído por Floriano Peixoto; deveria ter havido eleições diretas e não a posse – como ocorreu – do então vice-presidente. Plácido lutou na Revolução ao lado dos Maragatos, chegando ao posto de Major. Com a derrota para os “Pica-paus”, que defendiam o governo Floriano Peixoto, Plácido decide abandonar a carreira militar e recusou a anistia oferecida aos envolvidos na Revolução.
Em seguida, Plácido mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi inspetor de alunos do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Algum tempo depois, foi fiscal nas docas do porto de Santos, em São Paulo e, voltando ao Rio, obteve o título de agrimensor. Inquieto e à procura de desafios, viajou para o Acre, em 1899, para tentar a sorte como agrimensor. Plácido de Castro estava demarcando o seringal Victoria’, quando ficou sabendo do acordo pelos jornais, e viu nisto uma ameaça à integridade do Brasil. Enquanto arregimentava combatentes, o governo do Brasil reconheceu os direitos bolivianos sobre o Acre. Iniciou então um movimento armado contra a Bolívia, pela posse da região.
O governo boliviano enviou um contigente de 400 homens, comandados por Rosendo Rojas. Plácido, com 60 seringueiros, enfrentou a tropa, mas foi fortificado no seringal Empreza (hoje atual Rio Branco), desta vez saindo vencedor. Depois, venceu guarnições bolivianas em Empreza e Puerto Alonso (atual Porto Acre), onde se renderam o general Ibañes e seus soldados. O presidente da Bolívia, general José Manuel Pando, decide então acabar com a revolta e, no comando das tropas, vai ao ataque de Plácido, sem sucesso. Plácido, que na época tinha 27 anos de idade, liderou uma forte revolução com mais de 30 mil homens, vencendo as tropas bolivianas, com quase 100 mil soldados oficiais, e proclamando, pela terceira e última vez, o Estado Independente do Acre, tornando-se presidente do novo país.
Em 1903, através do Tratado de Petrópolis, o Acre foi anexado ao Brasil e o Estado Independente foi dissolvido. Em 1906, Plácido foi nomeado governador do Território do Acre. Depois, viajou para o Rio de Janeiro, para visitar a família. Na então capital federal, ofereceram-lhe os galões de coronel da Guarda Nacional, mas Plácido rejeitou. Quando de seu retorno ao Acre, foi nomeado prefeito da Região do Alto Acre. No dia 9 de agosto de 1908, Plácido de Castro se dirigia à sua propriedade, ao lado de seu irmão Genesco de Castro, quando foi ferido numa emboscada que lhe prepararam mais de uma dezena de jagunços, próximo à propriedade e sob a liderança de Alexandrino José da Silva, o subdelegado das tropas acreanas na Revolução Acreana. Rumores da época diziam que coronel Alexandrino estava insatisfeito com a sua posição no poder do Acre, um posto bem menor que o de Plácido, e por isso armou a emboscada. No dia 11, ardendo em febre, implorou ao irmão, Genesco, de olhos fechados, na presença de vários companheiros dizendo: “Logo que puderes, retira daqui os meus ossos. Direi como aquele general africano: “Esta terra que tão mal pagou a liberdade que lhe dei, é indigna de possuí-los.” Ah, meus amigos, estão manchadas de lodo e de sangue as páginas da história do Acre.. .tanta ocasião gloriosa para eu morrer…”
O herói rio-grandense foi covardemente trucidado, aos 35 anos de idade, ficando esse crime para sempre impune. Próximo à propriedade do seu assassino, erguido pelos fiéis amigos de Plácido de Castro, há um pedaço de mármore assinalando o local da emboscada. Seus ossos, porém, foram sepultados logo à entrada do Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Na fronte do pedestal, a família fez questão de deixar gravados, um a um, nome e sobrenome dos suspeitos pelo bárbaro crime.
Demorou mais de um século para o Brasil fazer, finalmente, justiça a um dos seus mais bravos heróis. Em 17 de novembro de 2004, Plácido de Castro – o Libertador do Acre, foi entronizado no Panteão da Pátria e da Liberdade e, teve seu nome escrito no “Livro dos Heróis da Pátria” como o mais novo herói brasileiro. O Panteão da Pátria, construído entre 1985 e 1986, idealizado como um espaço para homenagear os heróis nacionais, está localizado no subsolo da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Por ter sido um dos grandes responsáveis pela anexação do hoje estado do Acre ao Brasil, após a ação diplomática do Barão do Rio Branco no Tratado de Petrópolis, assinado em 17 de novembro de 1903, o intrépido gaúcho, reverenciado como um de seus maiores heróis é o patrono do 4º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro – “Batalhão Plácido de Castro”, sediado na capital do estado e integrante do Comando de Fronteira do Acre — e também, da Polícia Militar do Acre.
Em 1976 foi criado um novo município a cem quilômetros de Rio Branco que recebeu o nome de Plácido de Castro, em sua homenagem. Este município, por lei, foi considerado “cidade-irmã” de São Gabriel, cidade natal do heróico revolucionário. Em 1973, quando do centenário de nascimento, foi inaugurado um busto em sua homenagem na Praça Nações Unidas, em Porto Alegre.
A Escola Estadual Plácido de Castro
A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Plácido de Castro é a primeira escola pública de Jaru, conforme Decreto de Criação é o de n.º 589, de 29 de abril de 1970 e publicação em Diário Oficial nº 4539, de 21 de julho de 1970. Tal feito possibilita à instituição ter a honra de comemorar no dia 29 de abril de 2020 meio século de existência, mas com ar jovial.
A existência do estabelecimento de ensino originou-se pela necessidade de atender à clientela existente em Jaru, então impulsionada pela migração. Seu funcionamento estava a cargo do Projeto Ouro Preto e suas primeiras salas de aula ficavam localizadas num prédio do Incra. Teve como fundadores Clara Batista de Andrade, Maria Anna Silva Costa e Dr. Assis Canuto, obtendo aprovação de Marise Castiel. Sua primeira diretora foi a professora Valdivina Rosa de Jesus, primeira mulher eleita como vereadora em Jaru já no primeiro pleito eleitoral ocorrido em 15 de novembro de 1982. A escola obteve autorização de funcionamento para vários cursos: Ensino Fundamental (21 de agosto de 1978, através da Portaria n.º 78, homologada no mesmo ano), Magistério (1979, através do decreto n.º 982), Técnico em Contabilidade (1987, mediante a Portaria 105/GAB/SEDUC), Pré-Escolar (Resolução n.º 65/88) e Formação Geral (1998).
Em 2020, a escola Plácido de Castro mantém o ensino fundamental II (6º ao 9º ano), no horário vespertino. O período da manhã é destinado ao atendimento educacional do Novo Ensino Médio com carga horária ampliada e assim as aulas do horário matutino se estendem até as 12h30. A última turma de Magistério (que à época garantia a formação docente) foi ano de 2001 e, após essa data, o curso foi extinto.
A instituição funcionou por um bom período no local onde hoje se localiza a escola Olga Dellaia e em 1980 foi constatada a necessidade de mudar o estabelecimento de ensino de lugar. Naquela época, os alunos de 2.ª a 8.ª séries do 1º Grau e todos aqueles que cursavam o 2º Grau foram transferidos para a Escola Capitão Sílvio de Farias, ficando apenas com 14 turmas de 1.ª série. Três anos depois, a instituição passou a funcionar com todas as turmas originais num novo prédio, localizado à Rua Plácido de Castro, n.º 2648, construído pelo governo Jorge Teixeira de Oliveira. A escola conta com várias salas de aula, Sala de Recursos, sala de informática, biblioteca devidamente climatizada, sala de multimeios e outras dependências importantes para o seu pleno funcionamento.
O contato com o autor para conhecer as suas produções literárias pode ser feito de duas formas. Pelo WhatsApp no link https://umzap.com/ELIASGONCALVES, pelo telefone (69) 9 9241-8033 ou através do Facebook, por meio do seguinte endereço eletrônico: https://www.facebook.com/eliasgpjaru .
Nota da Redação: As informações referentes à escola Plácido de Castro fazem parte do conteúdo historiográfico contido no livro “Vivendo Nossa História”, cuja propriedade intelectual pertence ao escritor jaruense Elias Gonçalves Pereira e estão sendo publicadas em sites de Jaru no formato de reportagem de forma atualizada no ano de 2020 com a expressa autorização do autor. Todos os Direitos Reservados. Copyright © Elias Gonçalves Pereira.