Os sete jurados do julgamento do agente penitenciário William de Azevedo Teodoro, de 42 anos, foram retirados do Tribunal do Júri, nesta quinta-feira (26), e levados até o local onde o réu estupro e matou Maristela Freitas Alves, em Porto Velho. William matou a vítima em setembro do ano passado, após oferecer carona.
Durante o julgamento, o juiz da causa, José Gonçalves da Silva Filho, autorizou que os jurados – cinco homens e duas mulheres – se deslocassem ao balneário onde a mulher foi encontrada morta, na zona rural. O réu também foi levado ao balneário, sob escolta policial. A sessão do júri deve seguir até a madrugada de sexta-feira (27).
Segundo a promotora de acusação do caso, Joice Gushy Azevedo, o objetivo de levar os jurados à cena do crime era fazer com que eles analisassem com maior rigor as circunstâncias do crime.
“Tendo em vista as características que esse crime foi cometido, a distância e as alegações que foram sustentadas pelo acusado, como estratégia da acusação, o Ministério Público requereu o juízo que trouxesse os jurados ao local do crime para que pudessem colher as suas próprias impressões, analisar as circunstâncias do fato, e poder melhor sanar suas dúvidas, formar melhor o seu convencimento no momento de decidirem quanto da análise do fato que será julgado hoje”, explicou.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), o deslocamento ocorreu logo após o sorteio dos jurados. Duas paradas foram feitas: a primeira no bar onde a vítima e o réu se conheceram. Já a segunda no local onde Maristela foi encontrada nua e já sem vida.
Local onde Maristela foi morta — Foto: TJ-RO/Divulgação
Conforme o TJ-RO, os jurados seguiram aos locais em uma van. Alem deles, a diligência foi acompanhada pelo magistrado, pelo procurador, pela promotora, por advogados e pelo próprio agente penitenciário.
Após a análise na região, todos retornaram ao plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri para dar continuidade ao julgamento. No total, oito testemunhas seriam ouvidas, mas apenas cinco prestaram depoimento. As outras não foram localizadas.
Confira a cronologia do julgamento:
- 8h30: Início da sessão e sorteio dos jurados. São 5 homens e duas mulheres;
- 9h15: Saída dos jurados e do réu aos locais onde ele e Maristela se conheceram e onde ela foi encontrada morta e sem roupas;
- 10h55: Retorno e andamento do julgamento. Primeira testemunha é ouvida. Ao todo, o TJ-RO confirmou 8 testemunhas, porém 5 foram ouvidas e 3 não foram encontradas;
- 13h13: Saída para o primeiro intervalo do julgamento;
- 14h13: Retomada da sessão. Filha de Maristela, de 21 anos, é ouvida. Segundo a jovem, a mãe confiou no acusado e negou que a vítima tenha se interessado pelo réu no dia do crime. Disse ainda que William ameaçou a família de morte;
- 15h40: William começa a ser interrogado. Segundo ele, Maristela teria pedido para sair do bar e aceitado ir até o balneário. O réu negou as acusações de homicídio e estupro e alegou ter deixado a vítima no balneário com vida;
- Por volta das 18h: Início dos debates entre acusação e defesa. A promotora de acusação é Joice Gushy Azevedo. Já a defesa é feita pelos advogados Graciliano Ortega Sanches e Fadrício Silva Santos;
- Previsão de término: TJ-RO estima que o julgamento termine na madrugada de sexta-feira (27).
Novo júri
Corpo de Maristela Freitas Alves foi encontrado em balneário no ano passado. — Foto: Reprodução/Facebook
William de Azevedo Teodoro havia sido condenado a 26 anos de prisão no dia 2 de maio deste ano. A defesa ingressou com recurso ao TJ-RO pedindo que o julgamento fosse anulado, o que foi acatado pela Justiça. A alegação era de que a decisão dos jurados anteriores foi contrária às provas nos autos.
No dia 9 de setembro de 2018, o corpo de Maristela Freitas Alves foi encontrado em um córrego no balneário Rio das Garças. Ela estava nua, com sinais de violência sexual. De acordo com a Polícia Militar (PM), foram achados, ainda, pedaços das roupas e manchas de sangue em um barranco.
Os indícios apontavam inicialmente que ela havia sido golpeada na cabeça e depois foi jogada no córrego.
Júri acontece em Porto Velho nesta quinta-feira — Foto: Mayara Subtil/G1
O acusado do crime foi preso temporariamente no dia 20 de setembro, após imagens de câmeras de segurança de um bar mostrarem suspeito e vítima saindo juntos do local.
Segundo as investigações, Willian de Azevedo Teodoro ofereceu carona à vítima, mas ao invés de deixá-la em casa, como havia sido combinado, ele a levou a um balneário. O agente matou a mulher diante da recusa da vítima de manter relações sexuais com ele.
Suspeito foi identificado por meio de testemunhas e câmera de segurança de um bar — Foto: Reprodução/Polícia Civil