Dezenas de alunos das escolas estaduais de Rondônia conquistaram 900 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com destaque para a classificação das notas nos níveis adequado e avançado, o Estado alcança um nível de aprovação nunca visto antes, resultado dos investimentos realizados pelo governo estadual em 2019, para garantir o bom desenvolvimento dos alunos na realização das provas. Em 2018, Rondônia teve média de 447 pontos no conjunto de alunos avaliados, nível básico (350 a 449 pontos).
No Enem, a média que o Ministério da Educação (MEC) usa para nota de corte, para aprovação, é a pontuação do nível adequado (450 a 649 pontos), que foi atingida por 60% dos alunos, e o nível avançado (650 a 1000 pontos) foi conquistado por 32%. Já no nível básico (350 a 449 pontos) por 6% dos estudantes da rede pública.
“O Estado nunca teve, em grande quantidade, dezenas de alunos com 900 pontos, como agora. Nunca fomos do nível adequado, hoje estamos com os alunos no avançado”, explicou o secretário estadual de Educação, Suamy Vivecananda Lacerda Abreu.
Com diferencial nos investimentos do governo de Estado, que não mediu esforços para aprimorar o conhecimento e desenvolvimento dos alunos, três ações foram essenciais para esse resultado. Foram mais de R$ 6 milhões com a aquisição do “Revisa Enem”, conhecido como #AgoraVai, plataforma de estudo online e material fornecido para 12.600 alunos, de 280 escolas que ofertam o ensino médio regular e mediação tecnológica.
Muitos alunos da mediação tecnológica, como alunos do campo e indígenas, conquistaram notas acima de 800 pontos. Foi o caso de Agrael Suruí, com 17 anos, que se dedicou para obter bom resultado na redação e demais matérias da prova classificatória. Agrael estudava em uma escola índigena “Noa Suruí”, na comunidade Aldeia Amaral, localizada na zona rural de Cacoal. “Posso dizer que estudei o ano todo pra isso”.
Outra ação foi a oferta de mais de 1.300 aulões, em parceria com faculdades privadas, sindicatos e igreja que cederam espaços, e participação de professores de excelência das escolas estaduais, de cursinhos particulares e escolas privadas. Todos os alunos, inclusive dos menores municípios e distritos, como São Francisco do Guaporé, Costa Marques, Extrema, Guajará-Mirim, Machadinho do Oeste, dentre outros, participaram.
Os estudantes foram levados para cidades maiores ou os aulões foram até eles, lotando os auditórios.
“Tudo isso influencia, porque o aluno é um ser humano com muita endorfina, se tiver motivado, desperta por dentro”, destacou o secretário.
Cassiana Marinho, 18 anos, preparou-se desde o início do ano, principalmente à noite, por ser aluna integral da Escola Josino Brito, em Cacoal, contando com o suporte do material e aulões oferecidos pelo governo do Estado. “Pude contar com a ajuda dos professores como grandes incentivadores, que estavam sempre procurando formas de auxílio ao estudo direcionado para o Enem, além disso houve boa quantidade de aulões fora da escola, com a disponibilização do transporte e ainda os kits Agora Vai Enem”.
No segundo semestre, as ações foram reduzidas para não sobrecarregar os alunos, que já dominavam o “Revisa Enem”, conseguindo estudar sozinhos. “Quando chegam nas últimas semanas que antecedem à prova do vestibular ou do Enem, é preciso descansar”, acrescentou Suamy.
Mais uma ação desenvolvida, que esclarece os resultados obtidos pelos alunos, é a utilização do mecanismo de aprendizagem “Teoria de resposta ao item”, trabalhado pelo secretário junto aos coordenadores regionais e com os professores diretamente aos alunos, onde conseguem aplicar o conhecimento com habilidade e interpretação correta das questões, inclusive redação. “Tem que ensinar o aluno a se concentrar, porque dentro da própria questão muitas vezes está a resposta clara”.
Tamires de Assis, 18 anos, mora em um sítio próximo a Monte Negro, onde, como aluna da Escola Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, conquistou 940 pontos na redação e está concorrendo a uma vaga na Universidade Federal de Rondônia para o curso de Direito. “Estou muito empolgada com a conquista, meus professores me auxiliaram muito. Foi um pouco cansativo porque eu morava no sítio e ia pra cidade, chegava em casa bem tarde e estudava de 19h às 23h, mas o material me auxiliou bastante, por ter exercícios dos principais vestibulares e do Enem, também utilizei o portal do Agora Vai, participei dos aulões e live oferecida pelo governo”.
A catalogação das notas, realizada pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), se baseia em uma prévia, tendo em vista que o MEC disponibiliza o resultado apenas para o aluno. Com isso, o efetivo da secretaria entrou em contato com cada um, para divulgar sua nota, e assim conseguir tabular a média.