Foram repatriados para o Brasil 159 universitários rondonienses no último final de semana. Segundo o subcomandante do Corpo de Bombeiros e coordenador da operação realizada pelo governo do Estado, Gilvander Gregório, os jovens são estudantes em Cochabamba e Santa Cruz de La Sierra e devido à pandemia da Covid-19, tiveram as aulas suspensas e não puderam retornar ao país, já que existem barreiras nas fronteiras de entrada e saída dos países vizinhos e os voos também estão suspensos.
Com apoio dos quartéis dos Bombeiros de Campo Grande, Cuiabá e Corumbá, as equipes locais trabalharam durante toda a última semana na missão de trazer os universitários para Rondônia. De Corumbá a Porto Velho, última parada, são 2.600 quilômetros que somam 30 horas de viagem.
Com um ônibus cedido pela Emater, a operação teve ainda o apoio da deputada federal Mariana Carvalho que intermediou a cedência de outros dois ônibus do Instituto Federal de Rondônia (Ifro) para o transporte dos estudantes. As listas de alunos rondonienses nessas localidades estrangeiras são repassadas pelo Consulado Brasileiro na Bolívia.
“Todos os alunos passaram pelo teste da Covid-19, tanto na barreira internacional quanto quando chegaram em Vilhena, entrando no Estado”, afirmou o coronel Gregório.
Felipe Ribeiro Gonçalves, 27 anos, está no 10º semestre do curso de Medicina em Cochabamba e foi um dos repatriados. “Lá a saúde é um pouco mais precária e eles estão tomando medidas de prevenção, criando barreiras. Para fazer compras, as pessoas vão com o número da identidade e os dois últimos números determinam em quais dias da semana cada um pode ir ao supermercado. O horário para as compras também é limitado de 7h até o meio-dia, e assim eles estão tentando conter o coronavírus por lá”.
Sobre a oportunidade de poder voltar para casa durante a pandemia, Felipe diz que foi um alívio para muitos. “Como muitos pais aqui não estão podendo trabalhar para manter os filhos lá, estava ficando difícil. Estamos muito agradecidos com o Estado”, declarou.
Para Sidy Góis da Fonseca, no último período do mesmo curso que Felipe, “ter que interromper os estudos dá uma certa tristeza, por saber que a conclusão vai atrasar, mas é necessário. Estávamos passando por um período de incertezas, e quando surgiu a oportunidade de voltar para o Brasil, nós voltamos”.
A mãe de uma aluna que foi repatriada, Rosely Maretto, conta que filha já havia concluído o curso na Bolívia, mas aguardava abrir as fronteiras para retornar. “Ela vai fazer o internato na Bahia, e a pandemia pegou os alunos de surpresa. A quarentena lá estava bem rigorosa para eles, e apenas os serviços essenciais estavam liberados. A princípio parecia que os brasileiros que viviam lá estavam desamparados, e essa iniciativa do governo em fazer essa operação demonstrou o cuidado com o nosso povo”.