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Jaru, 24 de novembro de 2024

Com vaquinha, mulher que teve mãos decepadas pelo ex-marido ganha próteses

“Dia 10 de abril faz três anos. Pra mim parece que foi ontem”. Essas foram as palavras de Geziane Buriola da Silva, que em 2017 sofreu violência doméstica e teve as duas mãos decepadas pelo marido. Nesta sexta-feira (7), sua vida mudou novamente, mas para melhor: após meses de ‘vaquinha’, ela foi buscar as próteses que vão lhe auxiliar a ter uma vida sem tantas limitações. O primeiro passou já foi dado: conseguiu pentear os cabelos sozinha. Agora, quer colocar e pintar as unhas e, depois, voltar a trabalhar para ajudar seus filhos.

Geziane morava em Campo Novo dos Parecis na época do crime, que aconteceu em 10 de abril de 2017. Hoje, ela não consegue trabalhar, e ganha somente um salário mínimo (R$ 998) do governo. Deste dinheiro, R$ 300 ela dá para ajudar no cuidado com seus dois filhos, de 13 e oito anos, que vivem com os avós, outra parte vai para o aluguel da casa onde mora. Ela ainda precisa pagar R$ 900 da parcela da casa onde vivia com o ex-marido – que está alugada, mas por um valor menor. Além disso, há as despesas com luz, água e alimentação.

Ela chegou a ganhar uma prótese de plástico logo após o crime, mas não era funcional, e logo quebrou. Sua história comoveu Jessica, do site ‘Razões para Acreditar’, que procurou Jucele Aranha, amiga de Geziane, e iniciou o projeto da vaquinha virtual. Em cerca de seis meses, elas conseguiram arrecadar R$114 mil. Destes, R$100 mil foram para as duas próteses, e R$14 mil para as despesas do site.

Jucele, amiga de Geziane (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Quem confeccionou as próteses foi o técnico Francisco de Assis, de São Paulo, que veio a Cuiabá somente para realizar este trabalho. Com as medidas de Geziane, ele fez as novas mãos com fibra de vidro e carbono. Segundo ele, as próteses possuem eletrodos na parte de dentro, que identificam o movimento que a pessoa quer fazer.

Francisco de Assis (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

As novas mãos de Geziane fazem o movimento de ‘pinça’. Segundo o fisiterapeuta Geneilson Gomes de Oliveira, que acompanha o processo, este será um novo momento de adaptação e, por isso, ela terá que se esforçar e continuar o tratamento.

“Como ela ficou muito tempo parada, houve muita atrofia dos músculos. Então tem que desenvolver novamente a musculatura”, explica. “Ela vai ter que manter uma sequência de exercícios todos os dias, de manhã e de tarde”. Neste primeiro momento, Geziane terá que continuar na capital por alguns dias. Depois, também vai vir com frequência para as sessões de fisioterapia.

As próteses possuem uma luva cirúrgica nas mãos, que as deixam com o mesmo tom de pele de Geziane. Além disso, nos braços estão desenhos. “Antigamente as pessoas faziam questão de esconder a prótese. Tanto que tem a luva estética. Hoje em dia eles fazem questão de colorir, de customizar, para mostrar mesmo que é uma prótese”, explica o fisioterapeuta.

As próteses de modelo Myofacil, da marca Ottobock, funcionam a bateria e são recarregáveis. Elas podem ser utilizadas para qualquer serviço doméstico e funcionalidades como escovar os dentes, lavar a louça e pentear os cabelos. Só é necessário tirá-las para tomar banho. A pressão ao fechar as mãos é de até 5kg.

O crime

Geziane  foi atacada pelo marido na noite do dia 10 de abril de 2017, no bairro Jardim das Palmeiras, em Campo Novo do Parecis (444 km de Cuiabá), e teve as duas mãos amputadas por conta das lesões. Segundo as informações, o agressor pegou um facão e golpeou a esposa diversas vezes. A vítima foi atingida na cabeça e braços.
A mulher sofreu laceração em ambos os braços, inclusive perdendo dedos das mãos. Devido a gravidade das lesões, as duas mãos da vítima tiveram de ser amputadas. A cabeça da vítima também foi atingida pelo marido e tem várias lesões profundas, causadas pelo facão.

O ex-marido foi preso em flagrante e segue até hoje. Geziane mudou de cidade e prefere não falar onde está, já que continua com medo de que ele volte a atacá-la.

Ajuda

Como precisa voltar a Cuiabá com frequência para seguir no tratamento, ela pede que, quem puder, continue ajudando com qualquer valor:

Telefone: (65) 98161-3353; Conta da Caixa Econômica Federal, Agência 3439, Operação 013, Conta Poupança 000.000.027.141-9.

Fonte Olhar Direto


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