O trabalho em equipe de professores, gestores e técnicos da Gerência Pedagógica da Coordenadoria Regional de Machadinho d’Oeste, do Governo de Rondônia, foi o grande aliado para vencer os contratempos e garantir o acesso ao ensino público, nos piores momentos da pandemia, a 5.200 alunos na jurisdição do municípios de Machadinho e Vale do Anari.
“Tivemos que nos reinventarmos”, afirmou a gerente pedagógica Léia Cristina Miquelino. Ela explicou que, até educadores com certa resistência ao uso de telefones celulares em sala de aula, passaram a usar os aparelhos como ferramenta pedagógica. Essa tecnologia terminou contribuindo para diminuir as distâncias entre professos e alunos, onde a presença física já não era mais possível.
No início da pandemia, em 2020, todo o corpo docente e o gestores receberam treinamento para criação das salas de aula disponíveis no “Google Meet” e, assim, passaram a atender os estudantes com acesso à internet em regime de “classroom”.
O Google sala de aula é um serviço gratuito para escolas, organizações sem fins lucrativos e qualquer usuário com pessoal na plataforma. Reuniões e a elaboração de formulários, a partir dos recursos on-line disponíveis foram aos poucos sendo incorporados ao processo de ensino e aprendizagem, tornando também as vídeochamadas uma rotina.
MAIOR DESAFIO
O maior desafio, no entanto, era continuar ensinando os alunos sem acesso à internet, principalmente na macrorregião de Machadinho d’Oeste, município grande com diversas linhas vicinais (estradas) e grande quantidade de alunos na área rural.
Mais uma vez, foi preciso muita criatividade e reinvenção. As aulas tradicionais que os professores preparavam para estar próximo ao aluno ensinando e orientando, tiveram que ser escritas para que os estudantes sem acesso à internet não perdessem o ano letivo.
Para Léia Miquelino, um verdadeiro trabalho em equipe de docentes planejando e digitando aulas, equipes pedagógicas conferindo e formatando conteúdos e equipes técnicas realizando as impressões. Assim, as imensas pilhas de aulas preparadas com muito cuidado pelos docentes passaram a ser entregues quinzenalmente aos alunos nos pontos mais remotos dos municípios. “Se o aluno não podia vir até à escola, a escola ia até ao aluno, pois a educação é essencial”, enfatizou.
A iniciativa fortaleceu os laços, bem como a todos durante a entrega das aulas impressas. O caminho sempre longo para às equipes nunca foi obstáculo para quem aprendeu a enfrentar as distâncias e superou o sol e a poeira.
Léia destacou ainda, que, a cada curva os professores enxergavam com maior clareza a “beleza da nossa missão de educadores”, numa alusão às mãos levando o saber; pais que vinham ao encontro da escola, percorrendo, muitas vezes caminhos longos e tortuosos, mas sempre na certeza de que por seus filhos, nossos alunos, todo esforço vale a pena. Agora no segundo semestre de 2021, já estamos com o retorno presencial de parte dos nossos alunos à escola. Mas o aprendizado durante essa pandemia será levado pela vida toda, conscientes de que a educação mudou e “nós melhoramos como profissionais e seres humanos”.
É de suma importância, acrescentou a gerente pedagógica, que esse trabalho desenvolvido pelos docentes, gestores, famílias e estudantes seja registrado. Pois assim, as futuras gerações poderão tomar conhecimento de que mesmo quando o mundo parou a Educação continuou acontecendo como prioridade em Rondônia e no país. “Acreditamos que a Educação mudou a Nação. E nessa crença seguimos, fazendo a Educação caminhar”, disse Léia Miquelino.
Em Machadinho d’Oeste funcionam as escolas estaduais de ensino fundamental Professora Maria Conceição de Souza, Alberto Nepomuceno, Ayrton Senna, Joaquim Pereira Rocha e Valdomiro Francisco de Oliveira; e no distrito de Estrela Azul, a Escola Vivaldino Fernandes Ávila.
Dois outros fatores têm contribuído para a melhoria do ensino público na maioria dos municípios rondonienses. A adoção da gestão democrática, com a eleição direta dos diretores; e a implantação do referencial curricular com o objetivo de nivelar o conhecimento em todas as séries e garantir ao aluno as mesmas condições nos exames para ingresso na faculdade, sem que seja prejudicado pela antiga prática de conteúdos programáticos diferentes entre escolas do mesmo padrão.