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Jaru, 22 de novembro de 2024

Agropecuária teve bom desempenho na maioria das regiões do país em 2020, mesmo com pandemia

Mesmo com a crise provocada pela pandemia do coronavírus, a agropecuária conseguiu ter um bom desempenho na maioria das regiões do Brasil, de acordo com um estudo da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV) sobre os impactos da Covid-19 sobre o setor.

 

Em todas as cinco regiões, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP, faturamento) registrou crescimento entre janeiro e outubro de 2020, em relação a iguais meses de 2019.

Porém, houve queda nas exportações do Nordeste e do Sul. Nesta última, a forte seca comprometeu a produção agrícola e pecuária dos três estados da região.

Veja a seguir as principais conclusões do estudo:

Sudeste

O relatório da FGV mostra que a agropecuária do Sudeste “atravessou a crise do coronavírus com grande fôlego”. Entre janeiro e outubro deste ano, o faturamento do setor na região cresceu 14,9%, contra igual período de 2019, enquanto o valor das exportações expandiu 9,4%

O destaque ficou com a ampliação do abate de suínos e frangos (6,3% e 4,2%, respectivamente) e no volume de leite adquirido (1,2%).

Já a tomada de crédito agrícola cresceu 7,5%, diante da expectativa de um aumento de 1,6% na safra de grãos 2020/2021.

“Mesmo com a alta do dólar, a aquisição de insumos e investimentos para a próxima safra não foram comprometidos”, afirma o estudo.

“Tudo isso indica que, mesmo durante a pandemia, o agronegócio na região tem se mostrado não só resiliente como também prosperado, com safras e receitas recordes. Essa resiliência é equivalente em cada um dos estados que integram a região”, acrescenta.

Norte

Fazenda Rancho Fundo no nordeste do Pará, estado que avança cada vez mais na produção de carne bovina  — Foto: Divulgação

Fazenda Rancho Fundo no nordeste do Pará, estado que avança cada vez mais na produção de carne bovina — Foto: Divulgação

O Norte também passou pela crise com um bom desempenho. O valor de produção do agro na região aumentou 17,4% até outubro de 2020, enquanto a expansão nas exportações foi de 20,3%.

Já a tomada de crédito agrícola cresceu 20%, com expectativa de alta de 2,6% na safra de grãos 2020/2021.

No conjunto, a região responde por cerca de 4,5% da produção de grãos do país, 20,3% dos abates de bovinos, e cerca de 10,6% do volume de leite captado.

O estudo afirma ainda que, nos últimos 20 anos, o agronegócio do Norte tem migrado de uma economia “florestal” para uma economia “agropecuária”.

“No Acre, por exemplo, o setor florestal respondia por quase 100% das exportações do estado até 2004, e hoje praticamente sumiu. No Amapá, o setor florestal ainda é hegemônico, mas irrisório em escala”, afirma.

“No Amazonas, a agricultura encolheu – mas a economia florestal também – ao mesmo tempo que a participação da soja cresce na balança de exportações. O Pará cada vez mais avança na produção de carne bovina e soja, padrão também seguido por Rondônia”

Centro-Oeste

Produção de soja em MT — Foto: Divulgação

Produção de soja em MT — Foto: Divulgação

Região que responde por cerca de 48% da produção de grãos do país, o Centro-Oeste se superou e bateu recordes em valor da produção e exportação, mesmo frente à crise do coronavírus.

Houve crescimento de 25% no VBP da agropecuária e de 11,5% no valor das exportações da região. E também alta de 8,9% na tomada de crédito agrícola com expectativa de crescimento de 1,5% na safra de grãos.

 

“O Centro-Oeste se consolidou, nas últimas duas décadas, como principal celeiro agrícola do país. A escala da produção e da produtividade na região crescem continuamente, ao mesmo tempo que o uso da terra caiu”, afirma o estudo.

Nordeste

Em 2020, a região atravessou a crise do coronavírus de forma desigual, diz a FGV. Em alguns estados, o valor da exportação do agronegócio cresceu em 2020, como em Pernambuco e Alagoas. Em outros, como a Paraíba, ficou estável.

Já no Rio Grande do Norte, em Sergipe e no Ceará, a receita das exportações teve uma forte queda.

No total, houve crescimento de 16,0% no faturamento da agropecuária e queda de 0,3% no valor das exportações.

Foi registrada ainda uma alta de 10,7% na tomada de crédito agrícola com expectativa de queda de 4,3% na safra de grãos.

Trabalhadores do raleio de uva em Petrolina (PE). Nordeste se destaca na produção de frutas do Brasil — Foto: Reprodução/ TV Grande Rio

Trabalhadores do raleio de uva em Petrolina (PE). Nordeste se destaca na produção de frutas do Brasil — Foto: Reprodução/ TV Grande Rio

O estudo mostra ainda que há dois tipos de agronegócio no Nordeste. O agronegócio litorâneo, centrado na zona da mata, e o agronegócio interiorano, centrado no sertão e na costa cearense.

“O agronegócio litorâneo caracteriza-se por um perfil de monocultura intensa voltada à exportação e concentrada no setor sucroalcooleiro, especialmente em estados como Alagoas e Pernambuco”, afirma.

“Já o agronegócio interiorano é marcado pelas secas e estiagens que afetam a região, sendo tradicionalmente dominado pela agricultura familiar de pequeno porte“.

 

Sul

A agropecuária do Sul, por sua vez, teve bastante dificuldade, principalmente porque, além do cenário de isolamento social, a região passou por uma das maiores estiagens da história, comprometendo a produção agrícola e pecuária.

 

Até outubro, houve crescimento de 11,1% no VBP da agropecuária e queda de 4,0% no valor das exportações. E também alta de 8,7% na tomada de crédito agrícola com expectativa de crescimento de 12,5% na safra de grãos 2020/2021.


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