A suspensão de aulas presenciais em todas as redes de ensino foi uma das medidas tomadas pelo Governo de Rondônia para conter o avanço do coronavírus. Essa mudança levou alunos, professores e instituições de ensino a se adaptaram as novas rotinas de educação a distância (EAD).
Para muitos estudantes de redes particulares ficou uma dúvida: a cobrança integral da mensalidade durante o período de isolamento é correta? Aos professores foram acarretadas mais missões, agora além de todos os desafios já conhecidos da profissão eles têm de manter a qualidade do ensino durante a pandemia. E as instituições precisaram abrir os olhos para a tecnologia, adotando e melhorando ambientes virtuais.
Uma aluna de enfermagem de Porto Velho, que preferiu não se identificar, afirmou que, a qualidade do estudo é muito inferior às aulas presenciais no local em que ela estuda.
“O problema é que eles não criaram uma plataforma própria que arcasse com toda nossa necessidade, onde pudéssemos acessar as aulas a qualquer hora do dia, com videoaulas inclusas e um momento só pra tirarmos nossas dúvidas. Tem professor que marca aula, mas só fica 1h30, sendo que no curso presencial a gente tem 4h por dia”, afirmou.
A estudante de enfermagem ainda disse que, quando os alunos questionaram a qualidade das aulas oferecidas e o valor da mensalidade, a coordenação do curso alegou que a faculdade não estava oferecendo um curso a distância.
“A coordenadora do curso disse que eles não estavam dando o curso EAD e sim cumprindo os 40% [de aulas virtuais] que todo curso presencial pode ter. Só que a gente já tinha esses 40% em uso, fazendo atividades que são postadas na plataforma que temos”, disse.
Uma aluna de jornalismo desabafou que sente medo em não conseguir pagar a mensalidade por causa dos reflexos da pandemia no mercado de trabalho. Ela não tem ajuda governamental.
“Meu trabalho é autônomo, eu mesma pago a faculdade. Só que mesmo assim tenho dificuldade, porque às vezes não consigo chegar na quantidade necessária para pagar o curso”, comenta.
Pagamento de mensalidades
O Programa de Orientação, Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) em Rondônia explica aos estudantes que os prestadores de serviços educacionais são obrigados a ministrar todo o conteúdo programado pela legislação, assim como aderir às regras definidas pelo Ministério da Educação (MEC).
Conforme o órgão, o consumidor continuará realizando o pagamento das mensalidades desde que a instituição realize a reposição das aulas ou adote meios EAD. O modelo a distância está sendo implantado em caráter emergencial, e segundo o Procon “se dá por meio de aulas, que são ministradas em sua maioria, no mesmo horário convencional da aula”.
Os estudantes que se sentirem lesados devem entrar em contato com o Procon para denunciar as instituições de ensino.
Docência em tempos de pandemia
A professora de História, Nathalia Maria Chaves diz que sente falta da sala de aula e de tirar as dúvidas dos alunos presencialmente.
“Agora eu estou trabalhando mais. Além de preparar as aulas, gravar as videoaulas, elaborar as atividades e postar no portal eu também preciso prestar assessoria online aos alunos, conversando com eles, fazendo plantões de dúvidas”, comentou a professora.
A instituição privada em que Nathalia trabalha já possuía um portal online para alunos e pais ou responsável. Com a quarentena, foi criada uma plataforma especial onde os docentes conseguem postar vídeos, imagens, áudios, arquivos de texto para atividades e ainda há a possibilidade de vídeo-conferência para tirarem as dúvidas ao vivo.
“O desafio é grande, a rotina mudou, mas fica a reflexão sobre estratégias de ensino e aprendizagem. Estudamos acontecimentos históricos e agora estamos vivenciando um”, finaliza a professora.