Pão caseiro, cacau, couve-manteiga e amendoim. Esses são alguns dos produtos que podem ser comprados na barraca de autoatendimento do agricultor José Joaquim de Souza. Há um mês, ele e a esposa, Maria de Lourdes dos Santos, resolveram montar uma barraca na frente da casa onde moram no bairro Floresta em Cacoal (RO), município a 480 quilômetros da capital Porto Velho.
Mas nesse comércio não há atendentes. As pessoas interessadas escolhem os produtos e fazem o pagamento na “caixinha” dos Correios. Além de lucrar com a inovação, eles confirmaram a honestidade da população.
Um dos clientes assíduos da barraca é o conferente Adelmo Galter. Ele diz que acha interessante o formato do comércio, já que o sucesso depende exclusivamente da boa qualidade dos produtos e da honestidade das pessoas.
“É bom que não ocupa uma atendente. As pessoas podem demostrar que são honestas, se servem a vontade, compram o que querem e gostam, pagam os produtos e vão embora tranquilos”, define o homem.
José conta que a ideia surgiu pelo fato de cultivarem muitos produtos na chácara da família e terem a necessidade de dar uma destinação. Além disso, é uma forma de confiar na honestidade das pessoas.
O pagamento dos produtos é deixado na caixinha dos Correios na frente da residência do casal. — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
“A minha barraca quem cuida é Deus, eu confio na honestidade das pessoas. Trabalho a semana toda na cidade e deixo os produtos expostos. As pessoas podem passar a qualquer hora, que encontram produtos. Todos os dias eu reponho, principalmente a couve, que tem mais saída. Estou feliz com minha banquinha”, comemora o empreendedor.
Maria é dona de casa, mas não deixa os afazeres domésticos ou particulares para cuidar da barraca. O único trabalho, às vezes, é dar troco aos clientes que batem palmas no portão da casa. Apesar de ser um empreendimento familiar, os envolvidos têm o controle de tudo que é colocado a venda e, desde a inauguração, nunca tiverem prejuízos.
“Eu anoto em um caderno todos os produtos que meu marido traz da chácara e coloca a venda na barraca. No final do dia, pego o dinheiro na caixa dos correios e faço a conferência. Nunca tivemos prejuízo. Teve um dia que faltou R$ 0,25. No dia seguinte o valor estava na caixinha. A pessoa pagou o valor que havia ficado devendo”, conta.
Na frente da barraca, clientes já se deparam com um aviso de que não há vendedor. — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Além de conseguirem lucro com a venda dos produtos, a família conseguiu confirmar a honestidade das pessoas.
“Têm pessoas boas. Outros deveriam fazer a mesma coisa que nós, pois dando votos de confiança ao ser humano, por mais que já tenha feito algo errado, a pessoa pode pensar em fazer diferente simplesmente por perceber que o outro está confiando nele”, acredita.
A barraca funciona 24h. No período noturno, a família guarda os pães caseiros, mas os demais produtos continuam expostos e disponíveis à compra.