O esforço de aplicar vacinas em todo o país virou referência para o mundo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI). O PNI foi formulado em 1973 e completa cinco décadas neste ano.
Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, afirma que vacinas e água potável são as duas intervenções que mais trouxeram benefícios para a humanidade. “Isso é reconhecido em saúde pública mundialmente. As vacinas, sozinhas, foram responsáveis por um ganho de aproximadamente 30 anos na expectativa de vida da população.”
No entanto, na última década, as coberturas vacinais têm sofrido sucessivas quedas no país. No caso das crianças, só a BCG, que protege contra a tuberculose, atingiu a meta de vacinação em 2022. Hoje, o Brasil é considerado um país de alto risco para a volta da paralisia infantil – e ainda pode perder o controle da difteria e a eliminação da rubéola e do tétano neonatal.
Vacinação em Macapá (AP) — Foto: PMM/Divulgação
Confira abaixo quais as vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) para cada grupo da população — de crianças a idosos.
- HPV;
- Hepatite;
- Sarampo;
- Caxumba;
- Rubéola;
- E outros 17 tipos de imunizantes são disponibilizados entre campanhas específicas e nacionais, como as da Covid-19 e da Influenza (confira a tabela abaixo).
Vacinas disponíveis
de acordo com o público-alvo
Para conferir mais detalhes, como número de doses, intervalo entre as vacinas e idade recomendada para a imunização, acesse os calendários de vacinação do Ministério da Saúde de cada um dos grupos:
- Crianças
- Adolescentes
- Adultos e idosos
- Gestantes
- Campanhas nacionais de imunização (Covid-19 e Influenza)
Como as vacinas agem no organismo
É como se a vacina treinasse o nosso corpo para nos proteger de diversas doenças. Ela faz isso estimulando o nosso sistema imunológico para que ele acione mecanismos de defesa para a “hora da batalha”. Treinado pela vacina, o corpo passa a reconhecer quando entra em contato, por exemplo, com um vírus ou uma bactéria e logo aciona esses soldados.
O Ministério da Saúde diz que os índices devem melhorar a partir de 2024. Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta, diz que o ministério promoverá diversas ações nesse sentido.
“Nós vamos ter ações nas escolas, vamos ter ações nos municípios de forma diferenciada, em locais diferentes, locais de grande circulação, para que a gente amplie o acesso. Não é a pessoa ir até a unidade de saúde, a gente vai fazer com que a vacina chegue mais próximo das famílias. Por exemplo, nas escolas, em outros locais, nós estamos trabalhando com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde para que a gente possa fazer essa estratégia integrada.”
E emendou: “é uma reconstrução do nosso Programa Nacional de Imunização que, infelizmente, nos últimos anos, teve um impacto significativo de ações de desinformação, de ações que desestimularam a vacina, vindas do próprio Ministério, próprio governo, inclusive. É uma estratégia de reconstrução da confiança nas vacinas do Brasil”.
Quem entende de imunização diz que o Brasil precisa se inspirar nas conquistas passadas para investir na comunicação do presente.
“Eu acho que há muitas entidades que estão com o objetivo de retomada das coberturas vacinais. Existe esse projeto, acho que tem que ter união entre os diversos órgãos, sociedade civil organizada, os influenciadores de rua têm que estar envolvidos. A gente tem uma estratégia de comunicação que, hoje em dia, tem que ser diferente do que foi lá atrás, com o sucesso do Zé Gotinha na televisão. Hoje, a gente precisa falar de outras maneiras”, afirmou Mônica Levi.
“E trabalhar junto com o Ministério da Saúde, com as prefeituras, com os estados, com Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Imunizações, nós estamos juntos formatando estratégias para melhorar as coberturas vacinais e voltar a ter o orgulho que tinha de ser brasileiro”, disse.
“As vacinas salvaram e salvam milhões de vidas. É um retrocesso que a gente não pode permitir – voltar a ver criança com perna mecânica, pulmão de aço e com sequelas para o resto da vida ou mortes desnecessárias por diversas doenças que são preveníveis por vacinas”, finalizou.
G1