Dezembro é mês de festa, mas é também um período de muito cuidado com as finanças. Passada a ressaca das festividades, é preciso ter um orçamento adequado para conseguir arcar com as obrigações de todo início de ano: pagamento do IPTU, IPVA, licenciamentos, materiais e matrículas escolares etc.
A planejadora financeira da Libratta, Gabriela Vale, diz que o mais correto é provisionar esses recursos muito antes do final do ano. Porém, isso não é o que acaba acontecendo dentro da maioria dos lares do país.
Os brasileiros ainda se perdem no planejamento das contas ao longo dos meses e veem os compromissos financeiros do início do ano como “despesas esporádicas” e não como gastos fixos, como seria o ideal.
Confira abaixo as dicas de especialistas para planejar o novo ano.
1.Reserve uma parcela do 13º salário para o pagamento das despesas
Esta deveria ser a regra “número 1” para todos os brasileiros que têm acesso a este benefício, diz Sales.
“Esse complemento de renda é melhor aplicado quando uma parte dele vai para os gastos de início de ano. É preciso lembrar que as contas chegam de uma vez só em janeiro. Por isso, é bom conter a euforia durante as festas”, alerta.
Para quem já gastou a primeira parcela do 13º para as compras de Natal e Ano Novo, ainda dá tempo de fazer uma reserva para o início do ano. A segunda parcela será paga até esta sexta-feira.
2. Se for necessário, use uma parte dos recursos do FGTS
As mudanças recentes nas regras dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) contribuíram para aumentar um pouco o orçamento das famílias neste final de ano, lembra o planejador financeiro CFP da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), Leandro Loiola.
“É possível, portanto, utilizar essas receitas extraordinárias para as despesas sazonais e recorrentes de janeiro e fevereiro”, afirma. “Vale ressaltar, por outro lado, que muitas dessas liberações não irão se repetir nos próximos anos. Por isso, não dá para contar sempre com esses recursos”, acrescenta.
O especialista reforça que só é recomendável lançar mão do FGTS em caso de necessidade, já que esse dinheiro tem melhor uso quando poupado ou investido.
3. Se precisar, use uma habilidade pessoal para gerar renda extra
Essa é uma alternativa para quem não tem carteira assinada e não fez reserva financeira, ou para Aqueles que já gastaram todas as economias com festas ou viagens.
“Neste caso, você tem mesmo que ‘apertar os cintos’ e buscar formas de ter uma renda extra. Monetizar um talento pessoal pode ser um caminho”, diz Loiola.
Ele exemplifica que, se uma pessoa tem uma aptidão para fazer trabalhos manuais, pode confeccionar produtos para serem vendidos como presentes Natal. Ou, se você tem uma habilidade com um tipo de conhecimento, pode usá-lo para dar aulas no início do ano, período em que as pessoas buscam muito por novos cursos.
4. Coloque à venda bens que não estão em uso
Segundo Loiola, esta regra vale para o mesmo grupo de pessoas do item anterior.
Eletrodomésticos, eletroeletrônicos, jogos, roupas e calçados em bom estado de conservação e que não estão em uso em casa, podem ser colocados à venda para reforçar o orçamento para janeiro. “Esta é uma boa forma de preencher a reserva de emergência”, diz.
5. Se houver espaço no orçamento, pague à vista para não arrastar dívidas em 2020
Pagar impostos, materiais escolares e cursos à vista permite, além da possibilidade do acesso a um desconto, a desoneração do orçamento durante os próximos meses, diz a planejadora financeira da Libratta.
Ela reforça que é importante fazer o máximo possível para não acumular dívidas ao longo do ano, correndo o risco de extrapolar o orçamento e ficar inadimplente.
“A Selic caiu bastante, mas os juros ainda têm um peso grande no orçamento do brasileiro. Por isso, a melhor opção é se organizar para pagar tudo à vista”, diz.
As prefeituras costumam dar descontos para pagamentos à vista do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), enquanto os governos estaduais fazem o mesmo com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
6. Se precisar parcelar, preste atenção nos juros
Na hora de comprar os materiais escolares, por exemplo, vale a pena fazer uma pesquisa de loja em loja para saber as melhores condições de crediário. “Se não puder pagar à vista, é melhor é escolher a loja pelos juros praticado no parcelamento”, diz Loiola.
Vale também partir para a negociação com os lojistas. “É sempre bom negociar. Brigar por juros menores e por descontos”, acrescenta.
O juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas chegou a 317,2% ao ano, em outubro de 2019, segundo últimos dados do Banco Central (BC).
7. Busque por passeios alternativos nas férias
Se não planejou a viagem com bastante antecedência e está sem uma boa reserva financeira, melhor não se empolgar muito, afirma George Sales. A viagem de final de semana para a praia pode parecer inofensiva, mas gastos com gasolina, refeição e hospedagem podem facilmente sair do orçamento.
“Os pacotes de viagem nessa época do ano são muito mais caros. Portanto, busque por passeios alternativos, como os parques e museus da sua cidade. Esses lugares costumam ter um preço mais acessível e, muitas vezes, oferecem atividades gratuitas para adultos e crianças”, indica.
“Crianças, na maioria das vezes, não precisam de passeios muito elaborados. Elas se divertem com que é mais simples”, reforça o professor.
8. Economize nos presentes e invista nas “lembrancinhas”
Sales diz que, para não se apertar tanto, é bom substituir os presentes mais sofisticados e caros pelas famosas “lembrancinhas”, que podem ser tanto presentes mais baratos, como customizados pela própria pessoa, caso tenha habilidade.
“Para uma pessoa se sentir celebrada, um presente mais simples basta em muitos casos”, diz.
9. Foque em quitar as dívidas antes de contrair outros gastos
Se entrou em 2020 endividado, o melhor é quitar todos os compromissos financeiros antes de pensar em novas compras. Para Gabriela, o mais correto é estabelecer prioridades.
Com muita dívida para pagar, é preciso focar no que realmente é necessário para o dia a dia da família e adiar compras que não são urgentes. “Se você começa a contrair mais dívidas, fica cada vez mais difícil se reorganizar depois”, afirma.
10. Planeje as suas finanças para o ano
Para não se apertar em qualquer época do ano, comece a organizar melhor as suas finanças. “O brasileiro precisa aprender a se planejar financeiramente para um horizonte mais amplo de tempo e parar de viver somente dentro de um mês”, diz Gabriela.
“Coloque na ponta do lápis os seus principais gastos, as suas entradas e saídas de recursos. Se tem mais saída do que entrada, está na hora de cortar despesas ou buscar outras fontes de renda”, afirma.