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Jaru, 22 de novembro de 2024

Um ano da morte de Antonieli Nunes: o crime que roubou os sonhos e planos de uma família em RO

366 dias: é o tempo que a família e amigos de Antonielle Nunes convivem com a dor da perda e a esperança por Justiça. Gabriel Henrique é acusado de matar a vítima, que estava grávida, para não assumir a paternidade do filho que ela esperava, em Pimenta Bueno (RO).

Nesta sexta-feira (3), o g1 conversou com a irmã de Antonieli, Jéssica Micaeli, que relembrou o dia em que tudo aconteceu. Ela falou sobre o sentimento da família — incluindo do filho da vítima de apenas 3 anos — e a sede por Justiça. Confira:

 

Sonhos frustrados

O crime que foi cometido há um ano contra Antonieli Nunes, roubou dela a vida e vários sonhos, incluindo o de ser mãe novamente.

“Ela falou que queria tentar uma menininha, era o sonho dela”, revela a irmã.

A noite em que tudo aconteceu tinha sido planejada por Antonieli para ser feliz. Ela decidiu contar a Gabriel que estava grávida e que não queria esconder de ninguém que ele era o pai. Porém, nesse dia ela foi morta enquanto os dois estavam deitados de “conchinha”, segundo a confissão de Gabriel à polícia.

Gabriel Henrique Santos Souza Masioli e Antonieli Nunes Martins — Foto: Reprodução/Facebook

Gabriel Henrique Santos Souza Masioli e Antonieli Nunes Martins — Foto: Reprodução/Facebook

A crueldade do ato, segundo a família, é um dos fatores que mais causam dor e traz consigo um sentimento de que nem a Justiça – apesar de necessária – será suficiente para estancar as feridas.

“Acho que não tem o que possa nos confortar, pela crueldade do que ele fez com ela. Ainda mais pelas duas vidas, porque ela também tinha um bebezinho dentro dela”, relata Jéssica.

‘Vovó tô com saudade da mamãe, liga pra ela?’

Antonieli deixou um filho, que faz aniversário dia 4 de fevereiro. Quando ele completou 3 anos, sua mãe estava sendo sepultada por amigos e familiares. Segundo a tia, o menino frequentemente pergunta sobre a mãe.

“Teve uma vez que ele falou: ‘vovó tô com saudade da mamãe, liga pra ela?’ Aí a minha mãe respondeu: ‘mas ela tá no céu, como que liga?’ E ele falou: ‘não vovó, ela não morreu, ela tava de olho aberto’”, relembra.

A criança é um elo que mantém a família unida e fortificada. A mãe de Antonieli tem parte da guarda do neto. Os dois fazem acompanhamento psicológico para lidar com a perda.

“O que salvou a minha mãe foi o pedacinho dela. Se não tivesse ele, acho que a minha mãe nem estaria aqui hoje”, comenta Jéssica.

Casamento da irmã

Jéssica perdeu a irmã uma semana antes da data em que estava marcado o seu casamento. Na última conversa que teve com Antonieli, elas faziam planos para a viagem até a cerimônia que iria acontecer em Minas Gerais. Ao invés de Antonieli ir até o casamento, Jéssica teve que viajar para o velório da irmã.

“Eu nem casei mais e por enquanto eu nem penso nisso. Era pra ser uma ocasião, que era pra todo mundo estar junto, agora nem tenho data prevista”.

Sede por Justiça

Gabriel Henrique foi acusado, mas o processo passou mais de quatro meses suspenso, no ano passado, quando a defesa dele entrou com um pedido de avaliação psiquiátrica, alegando que ele sofre de insanidade mental.

Em setembro de 2022, o laudo final foi anexado ao processo e indicou que Gabriel “tem total capacidade e discernimento para averiguar o que é lícito e ilícito”.

No início do ano, a Justiça determinou que Gabriel Henrique seja submetido ao júri popular por feminicídio cometido por motivo torpe, meio cruel, utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima, com aumento de pena porque ela estava grávida. O réu também é acusado pelo crime de aborto. O caso ainda não tem data de julgamento.


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