Milhares de tartarugas “invadiram” as praias de São Francisco do Guaporé (RO) neste fim de semana, dando abertura para a temporada 2020 de desova. O presidente da Associação Comunitária Quilombola e Ecológica do Vale do Guaporé (Ecovale), Zeca Lula, informou ao G1 que a expectativa é de que haja 40 mil desovas este ano. A associação cuida e monitora os animais na região há mais de 20 anos.
Para desovar, as fêmeas vão atrás de praias desertas e normalmente aguardam o anoitecer, evitando assim o calor da areia que, durante o dia, dificulta a postura e a escuridão as protege dos perigos.
Conforme Zeca Lula, o próximo passo é monitorar e cuidar dos ninhos “para que haja uma eclosão e que possamos devolver o maior número possível de filhotes à natureza”. “Para isso, nós recebemos o apoio do Exército Brasileiro, por meio do pelotão Forte Príncipe da Beira, e do Ibama em Porto Velho”, explicou o presidente da Ecovale.
O trabalho de proteção desses animais é feito com apoio da Prefeitura de São Francisco do Guaporé, entre outros parceiros. Um dos objetivos é evitar que predadores capturem e comercializem as tartarugas e os ovos.
“É a perpetuação da espécie (tracajás) que vem sendo ameaçada de extinção. Com esse trabalho, nós conseguimos tirá-la da lista vermelha do Ibama, mas ela continua em risco de extinção. Porém, estamos conseguindo fazer com que a existência e a sobrevivência dessa espécie seja mantida”, reforçou Zeca Lula.
Por causa dos predadores, as chances de sobrevivência entre as tartarugas são remotas. Conforme a Ecovale, de cada mil, apenas uma consegue se salvar.
Em média, o número de tartarugas levadas por caçadores varia de 30 a 50 em duas horas de pescaria. As tartarugas são comercializadas na região por pelo menos R$ 300. Em uma única noite, os caçadores podem faturar até R$ 5 mil.