Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) e e-SUS mostram que os povos indígenas Suruí e Cinta Larga são os mais atingidos pela Covid-19 em Rondônia.
Conforme levantamento feito até esta quarta-feira (16), 204 indígenas Suruí e 156 Cinta Larga testaram positivo para o novo coronavírus. Na sequência vem a etnia Oro Nao, em que 128 estão confirmados com a doença.
Entre os municípios do estado que mais registraram casos de Covid-19 em indígenas estão: Guajará-Mirim, Cacoal, Espigão do Oeste, Porto Velho, Ji-Paraná e Nova Mamoré.
No total, segundo dados do e-SUS Notifica e Sesau, Rondônia possui 1.420 testes positivos entre indígenas até 16 de dezembro.
Tabela com dados do e-SUS Notifica foi divulgada pela Sesau em Rondônia — Foto: Portal Covid/Reprodução
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) já declarou que a pandemia pode ter consequências muito graves para os povos originários já que eles são considerados como mais vulneráveis a viroses, especialmente a infecções respiratórias como a Covid-19.
As mortes de indígenas, principalmente os idosos, colocam em risco línguas, costumes e festas tradicionais que não podem ser resgatadas.
Além da Covid-19 eles tem de lidar com demais problemas. Como o desmatamento, por exemplo. A 9ª terra indígena mais desmatada do Brasil fica em Rondônia, é a Karipuna, que sofreu perda de vegetação em 7,97 km² (2.09%) somente no período de agosto de 2019 a setembro de 2020.
Uma matéria do G1 revelou que no ano passado que dos 58 karipunas vivos, 22 frequentam a aldeia. E um risco de genocídio foi apontado pelo Ministério Público Federal em junho de 2018.
O território abrange parte de Porto Velho e de Nova Mamoré. No caminho até a aldeia, pasto e gado dominam a paisagem. A floresta aparece só depois da ponte do igarapé Fortaleza, ponto de entrada na terra indígena.
Desmatamento na Amazônia entre 2019/2020 por estados. — Foto: Fernanda Garrafiel/Arte G1