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Jaru, 29 de novembro de 2024

Sonho realizado: Dois bailarinos de Rondônia são aprovados na seleção da escola de balé Bolshoi

Dois representantes de Rondônia foram classificados para fazer parte da mais importante escola de balé do mundo, a Bolshoi. A seletiva internacional aconteceu entre os dias 19 e 21 de outubro em Joinville (SC). Com quase seis mil inscritos, apenas 40 alunos foram selecionados para fazer parte turma de 2019.

O recorde nas inscrições é mais uma demonstração da concorrência e talento dos selecionados. Caio Jullyano Monteiro de Araújo, de 11 anos e Mirela Amorim Leão, de 10 anos, começaram em épocas diferentes no balé, mas nutrem o mesmo amor pelas sapatilhas, além da alegria de fazer parte e contribuir para a história da dança em Rondônia.

A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil é uma tradicional instituição de balé que funciona em Joinville. A pré-seleção aconteceu em Rondônia pela primeira vez e contou com 250 inscritos, desses, 14 foram disputar as vagas em Joinville. Uma competição de gente grande, que contou com três etapas divididas entre avaliações físicas, cognitivas e artísticas, tudo para selecionar apenas os melhores para a única filial da Escola Bolshoi no mundo.

“Quando pensamos em balé, pensamos em bailarinos russos, porque eles são a marca de excelência. E nós temos o privilégio de ter a única filial dessa escola russa aqui no Brasil. Esse ano foi extremamente concorrido, participamos [como estado de Rondônia] pela primeira vez e já tivemos esse resultado, isso é super expressivo”, comenta Edcléia Jucá, professora de Mirela.

Os Aprovados

Filho de um servidor público e uma profissional da beleza, Caio Jullyano, faz balé há um ano, nem mesmo as limitações financeiras, puderam ofuscar o talento do garoto, que já era nítido, muito antes do resultado da seleção. Na vida de Caio, o balé surgiu por influência da sétima arte, através de um filme que o amor pela dança foi despertado.

Caio Jullyano faz balé há um ano — Foto: Caio Jullyano/ Arquivo pessoal

Caio Jullyano faz balé há um ano — Foto: Caio Jullyano/ Arquivo pessoal

“Minha filha de seis anos, queria assistir a um filme chamado “Bailarina”, daí eles assistiram e começaram a fazer os movimentos aqui em casa. O Caio já tinha flexibilidade. No início, meio que a gente não dava muita bola, tinha aquele receio. Até que um dia procuramos uma professora e marcamos para ele fazer uma aula. Ele não tinha técnica, nunca tinha tido contato com o balé. Quando vi a reação da professora já comecei a chorar, porque ela entende e viu que ele realmente tem talento”, conta emocionada Andreia Monteiro, mãe de Caio.

Os passos de Caio no balé não pararam com a aula experimental. A professora, Rita Nascimento, trabalha na área há 25 anos e foi por meio do olhar dela, que Caio ganhou uma bolsa de estudos.

“O Caio tem um talento nato. Desde que eu o vi, em uma aula experimental, sabia que ele tinha condições de passar nesse teste que é muito difícil. Dos 14 pré-selecionados daqui de Rondônia, ele foi o único menino. Lá em Santa Catarina, ele concorreu com 100 bailarinos, para conquistar uma das 10 vagas”, diz Rita.

Para arrecadar dinheiro para ida até Joinville a família vendeu feijoadas em Porto Velho. O outro valor, foi doado por uma instituição financeira da capital, que ficou sabendo da história de Caio e Mirela.

“A gente foi em um circo e estávamos assistindo o show, daí minha mãe recebeu a ligação e viu que eu tinha passado, a gente começou a comemorar e gritar no meio do espetáculo, todo mundo ficou olhando sem entender nada, mas a gente estava muito feliz, porque eu tinha conseguido passar”, lembra Caio.

 Mirela Amorim Leão estuda balé desde os dois anos  — Foto: Mirela Amorim/ Arquivo pessoal

Mirela Amorim Leão estuda balé desde os dois anos — Foto: Mirela Amorim/ Arquivo pessoal

Já Mirela Amorim diz que herdou o talento da mãe, que também é dançarina profissional. Para Mirela, que dividia com a mãe o sonho de entrar na escola Bolshoi, a sensação agora é de felicidade e honra por ser a primeira bailarina de Rondônia a entrar na escola russa, onde ficará durante 8 anos.

“A Mirela acompanhava a mãe dela nas aulas desde os 2 anos. Ela começou comigo aos 4 anos de idade e já percebemos que ela estava dentro do biótipo” diz a professora de balé, Edcléia.

Agora, os novos alunos deverão se apresentar em janeiro em Joinville. Eles permanecerão durante os próximos oito anos aprendendo balé. Fora a ansiedade com a mudança de vida, os novos bailarinos da Bolshoi dizem que tudo se resume em felicidade.

“Eu estou muito feliz e queria dizer para as pessoas, buscarem o sonho delas e não deixarem seus sonhos guardados. Eu comecei e não sabia de nada, agora eu sei fazer um monte de passos e passei. Eu vou ficar lá e vou sair um bailarino profissional”, diz Caio.


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