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Jaru, 22 de novembro de 2024

‘Sem saliva, tem que ter pólvora’, diz Bolsonaro sobre proposta de Biden

‘Apenas na diplomacia não dá’, diz Bolsonaro ao citar proposta de Biden sobre Amazônia

 

Em meio a um discurso inflamado durante evento no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro fez uma menção indireta ao presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, sem citá-lo nominalmente, e disse que diplomacia não é suficiente para “fazer frente a tudo isso”. Para Bolsonaro, é necessário ter pólvora, ainda que não seja usada. Ele lembrou que “um grande candidato a chefe de Estado” disse recentemente que iria impor barreiras comerciais contra o Brasil se ele não apagar o fogo na Amazônia.

 

— Todo mundo que tem riqueza não pode dizer que é feliz, não. Tem que tomar cuidado com a sua riqueza. Está cheio de malandro de olho nela. O Brasil é um país riquíssimo. Assistimos há pouco um grande candidato a chefe de Estado dizer que se eu não apagar o fogo na Amazônia levanta barreiras comerciais contra o Brasil. Como é que nós podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na diplomacia não dá. Porque quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, se não, não funciona. Precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo — declarou o presidente, para uma plateia de empresários do turismo que participavam da “cerimônia de lançamento da retomada” do setor no país.

 

Bolsonaro é um dos poucos chefes de Estado do mundo que ainda não reconheceram a vitória de Biden sobre Donald Trump, para quem torcia publicamente. Mesmo líderes que mantinham boa relação com Trump, como o britânico Boris John e o turco Recep Tayyip Erdogan, cumprimentaram o presidente eleito.

 

No primeiro debate entre Biden e Trump, no último dia 30 de setembro, o então candidato democrata tocou em um dos pontos centrais de seu plano de governo, a questão climática, e citou o Brasil ao mencionar o papel de liderança que os Estados Unidos deveriam assumir no tema.

— A Floresta Amazônica no Brasil está sendo destruída, arrancada. Mais gás carbônico é absorvido ali do que todo carbono emitido pelos EUA. Eu tentarei ter a certeza de fazer com que os países ao redor do mundo levantem US$ 20 bilhões e digam (ao Brasil): “Aqui estão US$ 20 bilhões, pare de devastar a floresta. Se você não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas — afirmou o então candidato democrata, sem entrar em detalhes sobre que consequências seriam essas.

Na época, Bolsonaro disse que o Brasil não aceitaria “subornos” e classificou a declaração como “lamentável”.

Bolsonaro disse ainda que o seu governo tem como mudar o destino do Brasil e que o país “não terá outra oportunidade”. E citou o exemplo do ex-presidente da Argentina Mauricio Macri, que tentou a reeleição no ano passado e foi derrotado para a chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner.

— O Macri, na Argentina, é história, não conseguiu implementar suas políticas. Começou a levar pancadas dos seus seguidores, como eu levo agora também. Voltou a turma da Kirchner, Dilma [Rousseff], [Nicolás] Maduro, Evo [Morales], que já tá na Bolívia uma hora dessas de volta, e olha agora como é que fica a situação, os empresários tendo seus bens desapropriados, aumentando, aí sim, taxas, juros e impostos. E o Brasil não pode ir pra esse lado meu Deus do céu.

Embaixada responde

Pouco depois da fala de Bolsonaro, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou uma declaração conjunta com um plano para fortalecer o diálogo entre as duas nações sobre o meio ambiente. No texto, a embaixada reconhece que os dois países “enfrentam questões importantes de política pública relacionada com os desafios associados à proteção ambiental e ao uso sustentável de recursos naturais”.

“Considerando os continuados esforços bilaterais nesses temas, os dois governos decidiram que uma maior cooperação traria importante contribuição para o desenvolvimento de soluções sustentáveis e duradouras para a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais”, diz a nota.

Fonte: O Globo


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