A Secretaria Municipal de Saúde de Ji-Paraná (RO), na região central do estado, pede a doação ou empréstimo de cilindros de oxigênio neste domingo (28). Segundo Ivo da Silva, secretário responsável pela pasta, a administração não consegue encontrar cilindros à venda.
Quem puder ajudar pode levar as balas para oxigênio ao Hospital Municipal de Ji-Paraná. Eventuais dúvidas podem ser sanadas pelo contato (69) 9 9306-4958.
O apelo foi divulgado nas redes sociais e em aplicativos de mensagem. No texto consta que o consumo de oxigênio em Ji-Paraná e em todo estado aumentou exageradamente com a pandemia e a demanda é maior que a venda dos insumos.
“[Precisamos da] ajuda de todos para encontrar quem tenha balas de oxigênio para nos emprestar. Oficinas e outros que utilizem o equipamento. Por mais que o município possa comprar as balas de oxigênio não tem no comércio para vender. Nos ajude a salvar vidas”, diz trecho da mensagem.
Ji-Paraná, RO, pede doações de cilindros de oxigênio — Foto: Reprodução
Ao G1, o secretário informou que não falta oxigênio na cidade, mas cilindros para comportar o gás. Também chamadas de “balas”, esses cilindros industriais são usados para armazenar oxigênio hospitalar e fazem parte do conhecido kit entubação, usado no tratamento de pacientes graves da Covid-19.
Ji-Paraná é a segunda maior cidade do estado, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), o município tem 12.879 casos de Covid-19 confirmados e 336 mortos pela doença.
Risco de desabastecimento
Com os hospitais públicos de Rondônia em colapso total, o Ministério da Saúde informou na última semana que aumentaria o envio de oxigênio medicinal ao estado a partir de 22 de março. O governo federal se comprometeu em fornecer 5.400 m³ do produto por dia, inclusive aos finais de semana.
O Ministério da Saúde ressaltou ainda que o oxigênio medicinal é levado de Manaus para Porto Velho, onde depois será redistribuído aos municípios. O oxigênio enviado do Amazonas será feito por meio de isotanques e os embarques acontecerão em aeronaves KC-390, do Ministério da Defesa.
O anúncio de reforço às unidades de saúde de Rondônia aconteceu dois dias após a Procuradoria enviar um ofício ao ministro da saúde se manifestando sobre o risco de desabastecimento.
Mesmo após firmado o compromisso, cinco instituições protocolaram uma ação civil pública na Justiça Federal pedindo que a União, o Estado de Rondônia e as empresas que fornecem oxigênio no estado apresentem um “plano coordenado que garanta o abastecimento de oxigênio medicinal”. As entidades esboçam preocupação quanto ao cumprimento efetivo do cronograma feito pelo Ministério da Saúde, pois, segundo os órgãos, no dia 23 de março, houve o cancelamento de um voo e os 5400 m³ de oxigênio não chegaram a Rondônia.
“O Ministério da Saúde prometeu ajuda, mas a programação informada ainda não foi cumprida. O MS prometeu que seriam fornecidos 5400 m³ por dia, sem interrupções, iniciando na segunda-feira (22). Mas já ontem, terça (23), o cronograma não foi cumprido”, consta no documento.
Na terça-feira (23), a Sesau garantiu que recebeu 180 cilindros de oxigênio contendo 10 metros cúbicos, cada. Foi a terceira remessa enviada pelo Ministério da Saúde ao Estado.
Alerta anterior
No dia 12 de março, o Ministério Público Federal em Rondônia havia realizado um alerta ao Governo Federal e solicitado a adoção de providências urgentes para evitar o desabastecimento de oxigênio no estado. Na época, relatórios apontavam para o risco iminente da falta do insumo, com estoque para apenas 15 dias.