Segundo Natani Lima, gerente de uma das concessionárias que receberiam os produtos, a balsa saiu de Manaus com a previsão de chegar a Porto Velho no dia 24 de setembro. A viagem durava, em média, 15 dias.
“Devido ao nível do Rio, encalhou em um banco de areia. Cerca de 400 motos, das concessionárias do estado do Acre e Rondônia”, conta.
➡️ Através da água do Madeira se forma um corredor logístico. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a hidrovia do rio é uma das mais importantes vias de transporte da região Norte: são mais de 1 mil km² de extensão navegável.
Desde julho, embarcações estão proibidas de navegar no período noturno, por causa da seca. Na época, o rio estava com 3,75 metros. Nesta quarta-feira (30), às 11h, ele estava em 76 centímetros. O menor nível já registrado foi de 19 centímetros, no dia 11 de outubro.
Balsas que transportam grãos, como milho e soja, e combustível, como gasolina e diesel, ficaram paradas ao longo do rio, à espera de melhores condições para navegação. (Veja na imagem abaixo)
Balsas encalhadas no rio Madeira — Foto: Rede Amazônica
As operações no Porto de Porto Velho foram temporariamente paralisadas pela 1ª vez na história no dia 23 de setembro. Armadores e operadores portuários pararam suas atividades por causa das condições de navegabilidade no Rio Madeira.
O cenário de um rio “inavegável” obrigou as concessionárias a mudarem a rota de transporte dos veículos. O trajeto antes feito por rio, entre Manaus e Porto, mudou a rota para Belém e agora chega na capital de Rondônia por via terrestre, através da BR-364.
“Atrasa também um pouco na entrega, porque até haver essa adequação logística de envio demorou um tempinho, então as motos que antes chegavam aqui com 15 dias tem demorado na faixa de 25 dias, ocasionando também um pouco de atraso para esses clientes finais”, aponta Natani.
Seca histórica
Rondônia enfrenta a maior seca da história. O rio Madeira registrou uma sequência de níveis mínimos nunca observados desde 1967, quando começou a ser monitorado.
Historicamente, outubro e novembro são os meses em que o Madeira fica mais seco. No entanto, o nível do rio começou a bater mínimas históricas já no mês de julho; depois disso, o cenário foi se tornando ainda mais crítico.
Os moradores das comunidades ribeirinhas viram os poços amazônicos secos, assim como o rio. Sem acesso à água, eles dependem de carregamentos enviados pela Defesa Civil Municipal e as secretarias de assistência social de Porto Velho e do estado de Rondônia.
G1