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Jaru, 22 de novembro de 2024

Rondônia: Flavio Bolsonaro compartilha vídeo de pesquisa sem registro direcionando voto para Marcos Rocha e Lula

Flavio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, compartilhou uma pesquisa em suas redes, com um vídeo gravado por um rondoniense de Machadinho do Oeste com os dizeres “Não tem um dia sequer que não recebo um vídeo de funcionários de Institutos manipulando pesquisas!!! Mais uma pesquisa assim!”

 

Nas imagens aparece uma suposta entrevistadora de um instituto sendo flagrada preenchendo um formulário eletrônico no celular, respostas do entrevistado, a qual ele não sabe ter dado voto no candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no candidato ao Governo Marcos Rocha. A gravação já tem mais de 250 mil visualizações na página do Facebook do parlamentar.

De acordo com o Jornal Estadão que pesquisou o caso, o vídeo em que a entrevistadora responde perguntas sobre intenção de voto sem que eleitor saiba, não é de pesquisa registrada no TSE.

 

Nele suscitam dúvidas sobre a confiança dos levantamentos sobre intenção de voto, que apontam Marcos Rocha e o petista à frente na corrida para a Presidência.

 

De acordo com o Estadão, o vídeo não tem relação com nenhum dos institutos de pesquisa tradicionais, como Datafolha e Ipec.

A pesquisa em questão sequer é registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), condição necessária para a divulgação de resultados.

 

O Estadão verificou que o caso ocorreu no município de Machadinho Do Oeste, em Rondônia.

A empresa responsável pelas entrevistas é a Previsão Pesquisa e Marketing LTDA.

No vídeo, uma funcionária aparentemente confusa mostra o celular em que está registrando as respostas. O homem que grava as imagens afirma que não respondeu a nenhuma das perguntas mostradas no aparelho e diz que a mulher preencheu as alternativas sem questioná-lo. O autor do vídeo pede que ela exclua o questionário. “Eu vi a senhora preenchendo sozinha, a senhora não me perguntou nada”, diz ele.

A Previsão Pesquisa e Marketing Ltda, não tem nenhuma pesquisa registrada no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), do TSE. A plataforma reúne informações sobre contratantes, verba, municípios, metodologia e questionários utilizados.

De acordo com resolução do TSE, todas as empresas que realizam pesquisas e desejam divulgá-las ao público devem cadastrá-las no sistema.

Em contato com o Estadão, a Previsão Pesquisa e Marketing LTDA informou que o episódio que aparece na filmagem ocorreu na última semana.

O diretor executivo da empresa, Sebastião do Valle, disse que o levantamento em questão não era para divulgação, e sim para consumo interno, com foco estadual. Ele afirmou que todas as equipes sempre saem a campo acompanhadas e que os pesquisadores são treinados antes do trabalho.

Valle afirma que o questionário é sempre discutido e explicado.

No vídeo, a funcionária diz que é a primeira vez que ela faz uma pesquisa e afirma não ter sido treinada a usar o celular utilizado para registrar as respostas. Valle afirmou acreditar que a mulher tenha ficado nervosa. “Essa pesquisadora só tinha feito quatro ou cinco entrevistas, então o procedimento que nós adotamos foi afastar a entrevistadora da coleta”, afirmou.

“Os questionários feitos por ela foram desprezados, foram deletados do sistema e não entram no cômputo geral”.

A Previsão Pesquisa e Marketing LTDA está registrada como apta a atuar no Conselho Regional de Estatística da 7ª Região (CONRE-7), que atende os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.

O registro é válido até o dia 31 de março de 2023.

Caso não se aplica aos demais institutos de pesquisa. É enganoso afirmar que a situação do vídeo é semelhante ao processo dos institutos de pesquisa eleitorais.

O Estadão Verifica entrou em contato com as principais organizações que realizam pesquisas no País. O Ipec (o antigo Ibope) afirmou que nas entrevistas presenciais os pesquisadores não mostram fotos de candidatos, como aparece no vídeo.

O entrevistador apresenta um disco padrão com os nomes dos candidatos é possível acessar o questionário no PesqEle. “Nossos pesquisadores, além de treinados, ao contrário dessa pesquisadora, não usavam celular com aplicativo. Eles usam um tablet preparado só para as pesquisas. Todas as entrevistas são gravadas e checadas”, esclareceu o Ipec.

O instituto Datafolha informou ao Estadão Verifica que suas pesquisas presenciais são feitas em pontos de fluxo nas cidades brasileiras. Além disso, todos os levantamentos são registrados no TSE, onde também é informado o método de coleta.

A Quaest não quis comentar. Em nota, o TSE informou que não se manifesta sobre casos que podem se tornar objeto de análise da Corte Eleitoral.

Ataques frequentes aos institutos preocupam a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

Para a Associação Brasileiras de Empresas de Pesquisa (ABEP), os últimos ciclos eleitorais trouxeram grandes desafios para os profissionais que buscam democratizar o acesso à informação nesse período de captação de votos. Segundo o presidente Duilio Novaes, os ataques frequentes a funcionários de empresas e institutos focados em pesquisa é uma afronta à liberdade de expressão e à democracia. “A internet proliferou o ataque aos institutos de pesquisa, que realizam um trabalho fundamental de acesso à informação para a população brasileira, um mecanismo importante para a democracia”, comentou.


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