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Jaru, 22 de novembro de 2024

Quebrando o silêncio: I Fórum de combate a violência obstétrica reuniu especialistas em Ouro Preto do Oeste

Você sabia que no Brasil 36% das gestantes já sofreu algum tipo de violência obstétrica? E que a cada quatro mulheres, uma foi vítima desse tipo de abuso? Os números são de pesquisas relizadas pela Fundação Oswaldo Cruz e Perseu Abramo, respectivamente.

Como parte da série de ações que aconteceu em toda região sul de Rondônia, o I Fórum de Combate a Violência Obstétrica, realizado no município de Ouro Preto do Oeste, foi pensado e executado para debater as diversas perspectivas que abordam a temática. Para isso, o encontro reuniu um time de especialistas na área.

Roseane Siqueira, psicóloga e organizadora do evento, explica o motivo de realizar o fórum. “Nós mulheres passamos por muitas violências com relação a maternidade, mas nós temos um desconhecimento de que é uma violência. Então a necessidade de compartilhar esse conhecimento e proporcionar um espaço para que tivéssemos acesso a essa informação nos motivou a sonhar e planejar esse fórum de discussão”.

Além de ser um tema muito delicado e pouco abordado, não é difícil surgir dúvidas sobre o assunto. A médica ginecologista e obstetra, Emilia Harada explica o que é a violência osbtétrica. “Ela tem várias particularidades porque a violência pode ocorrer dentro da casa da gestante, no pré-natal, onde pode ser negado os exames de laboratório ou ultrasson ou durante o trabalho de parto, quando falta uma empatia do profissional de saúde com a gestante”, explica.

Ginecologista e obstetra, Emília Harada palestrou sobre o tema e identificou pontos importantes sobre o tema. (Imagem: Emerson Soares).

A juíza do Tribunal de Justiça de Rondônia, Simole Melo, explica quais passos seguir após ser identificado um ato de violência obstétrica. “O ideal é que no primeiro momento seja denunciado na direção do próprio hospital onde será aberto um processo administrativo contra a pessoa que cometeu o crime. Outro passo é registrar uma ocorrência policial, ou ainda entrar com ação cível para obter reparação pelo dano moral suportado”.

Simone pontua a importância da informação para combater esse tipo de abuso. “Informação é poder. Quando as pessoas são informadas dos seus direitos elas passam a ter poder para reivindicá-los. Qualquer sofrimento físico, psicológico ou sexual configura violência obstétrica e as mulheres precisam ser informadas disso”.

Ações

Em toda região sul de Rondônia o tema ganhou destaque através do projeto “Quebrando o Silêncio” e as diversas ações criaram um impacto significativo para promover a conscientização. Desde passeatas, palestras nas escolas, casas de gestantes, pit stop com distribuição de material chamaram atenção da comunidade. A iniciativa também promoveu diálogos importantes sobre o tema por muitas vezes negligenciado.

Concentração na praça Beira Rio em Ji-Paraná. (Imagem: Mídia ASuR).

Uma dessas ações pontuais aconteceu na praça Beira Rio em Ji-Paraná, ali diversas atividades foram conduzidas, dentre elas até mesmo histórias voltadas para as crianças no intuito de despertar as futuras gerações sobre a importância do respeito e empatia pelo próximo.

Para a coordenadora do projeto, no sul de Rondônia, Aline Santos, a igreja tem um papel fundamental nesse tipo de abordagem. “Nós ensinamos e tiramos, muitas vezes, as pessoas de uma situação que elas ainda não sabem identificar. Então no momento em que elas tem o conhecimento, conseguem buscar ajuda ou buscar a força necessária para sair desse processo de violência”, concluiu.

Campanha

Quebrando o Silêncio é promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, desde 2002, e se propõe a auxiliar no combate e prevenção de diversos tipos de vício e abuso. Neste ano, o tema da violência obstétrica foi escolhido para pautar as ações da campanha que se estendem ao longo de todo o ano.

Aline Paulino / www.adventistas.org


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