Seis caminhões que saíram de Porto Velho (RO) com uma carga de cerca de 160 mil m³ de oxigênio chegaram a Manaus pouco antes das 12h deste domingo (24). A entrega do oxigênio, em falta na capital do Amazonas por conta da pandemia do coronavírus, aconteceu com atraso devido às condições da BR-319.
Quatro dos caminhões saíram de Porto Velho na quarta-feira (20) e deveriam chegar a Manaus em 36 horas. Outros três saíram na quinta e deveriam chegar no mesmo intervalo, segundo a superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Arlene Lamego. Um caminhão teve problemas técnicos e deve chegar a Manaus apenas na noite deste domingo.
Comboio com oxigênio enviado de Porto Velho (RO) chegou a Manaus neste domingo. — Foto: Patrick Marques/G1 AM
A intenção de cruzar 838 quilômetros pela BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, era economizar tempo. A viagem de balsa pelo Rio Madeira levaria 6 dias.
“Era a previsão inicial, porque ia depender se ia chover, o que de fato aconteceu. Só ontem que não choveu. Em razão de não ter chovido ontem, foi que o comboio avançou e conseguiram se juntar”, explicou Lamego sobre o tempo de demora no trajeto.
A carga de oxigênio foi fornecida pelo governo federal, para ajudar no controle do novo surto da Covid-19. Desde a semana passada, a cidade sofre com falta de oxigênio nos hospitais, e já transferiu mais de 200 pacientes para continuarem o tratamento da Covid em outros estados.
O problema da falta de oxigênio aconteceu porque, segundo o governo, num intervalo de 15 dias, a demanda diária nas unidades de saúde de Manaus aumentou de 15 mil m³ para 75 mil m³, superando a capacidade que o fornecedor local tinha de produzir o insumo.
Neste domingo (24), o Ministério da Saúde informou que, em média, a produção de oxigênio diário está em 30.345 m³, e o volume adicional trazido de outras regiões é de 62.062 m³. O consumo médio da rede hospitalar, em Manaus, é de 80.000m³.
Comboio atravessou o Rio Negro de balsa até o porto da Ceasa, em Manaus. — Foto: Patrick Marques/G1 AM
Pazuello em Manaus por tempo indeterminado
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou em Manaus na noite desse sábado (24), junto com as 132,5 mil doses da vacina de Oxford. Conforme o órgão, ele não tem previsão de retorno a Brasília, e “ficará no Amazonas o tempo que for necessário”.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), neste sábado, abertura de inquérito para apurar a conduta do ministro sobre o enfrentamento da pandemia em Manaus, que registrou falta de oxigênio medicinal em hospitais na semana passada.
Aras tomou a decisão após analisar representação do partido Cidadania que aponta suposta omissão do ministro e de seus auxiliares, além de informações preliminares prestadas por Pazuello sobre a crise.
Segundo o Ministério da Saúde, Pazuello deve permanecer na capital para acompanhar as ações executadas no enfrentamento à Covid-19, como a ampliação na oferta de leitos e contratação de mais profissionais de saúde.
Caos na Saúde do AM
O Amazonas voltou enfrentar um novo surto da Covid, e neste mês de janeiro, já teve o maior número de novos internados desde o começo da pandemia. Com a demanda, o oxigênio nos hospitais acabou e médicos tiveram que fazer ventilação manual para tentar salvar vidas.
Os fornecedores de oxigênio deram prioridade para o abastecimento nas unidades de saúde e quem precisava do insumo para tratar doentes em casa teve que madrugar em filas. Nos últimos dias, a média de enterros diários em Manaus está em torno de 150 (antes da pandemia a média era 30), com recorde de 213 sepultamentos em um único dia batido em 15 de janeiro.