Prefeitos de Ji-Paraná, Cacoal, São Francisco do Guaporé e Rolim de Moura estão presos desde o dia 25 de setembro. Prefeitos dividem cela no quartel da PM.
Os quatro prefeitos e do ex-deputado investigados na Operação Reciclagem, que apura crimes contra a administração pública, seguem presos em Ji-Paraná (RO). Os cinco políticos foram presos na última sexta-feira (25) pela Polícia Federal (PF) por integrarem um esquema de propina.
Segundo apurou a reportagem da Rede Amazônica, as prefeitas Gislaine Clemente (de São Francisco do Guaporé) e Glaucione Rodrigues Neri (de Cacoal) estão dividindo a mesma cela no quartel da Polícia Militar de Ji-Paraná (RO).
Já os prefeitos Luiz Ademir Schock (de Rolim de Moura) e Marcito Pinto (de Ji-Paraná) dividem outra cela no mesmo prédio. Junto deles está o ex-deputado Daniel Neri (marido de Glaucione), que foi preso na mesma ação da PF.
Operação Reciclagem
Segundo o delegado Flori Cordeiro de Miranda Júnior, da PF, a investigação da operação Reciclagem começou em dezembro de 2019, após um empresário que prestava serviços às prefeituras delatar sobre um esquema de propina.
O denunciante relatou, à época, que uma das prefeituras teria condicionado o pagamento de uma dívida com um prestador de serviço ao repasse de propina. Diante disso ele decidiu denunciar a fraude e delatou os outros três municípios que adotavam a mesma prática de corrupção.
No dia 25 de setembro foi deflagrada a operação Reciclagem e a PF cumpriu quatro mandados de prisão preventiva contra chefes da administração pública.
Já em Cacoal a polícia prendeu Glaucione Rodrigues Neri (MDB) e o marido dela, Daniel Neri. O casal foi filmado recebendo dinheiro de propina, conforme revelou o Jornal Nacional.
No mesmo dia, o prefeito de Rolim de Moura foi preso. Luiz Ademir Schock (PSDB) também é suspeito de participar do esquema.
O prefeito Marcito, de Ji-Paraná, foi preso na sede da administração municipal, o palácio Urupá. Ele foi levado à viatura sem algema (veja na imagem abaixo).
Propina filmada
Vídeos obtidos pelo G1 revelam o momento em que Glaucione, prefeita de Cacoal, recebe dinheiro de propina (assista abaixo).
Em outro vídeo entregue à justiça de Rondônia, a prefeita Lebrinha também aparece colocando maços de dinheiro dentro de um pacote. Segundo investigação, o dinheiro das imagens é oriundo de propina (assista abaixo).
Afastamento das funções e apreensões
Além dos mandados de prisão, a Justiça determinou o afastamento das funções públicas dos prefeitos e o bloqueio de ativos que ultrapassam R$ 1,5 milhão, valor que, em tese, teria sido recebido de forma ilícita.
“Na verdade, nós estávamos sentindo que isso iria se alastrar mais. É bem possível que mais pessoas teriam se envolvido em um ciclo sem fim. O pagamento sempre foi em dinheiro vivo, de notas de R$ 50 e R$ 100. A frequência (do pagamento) era imediatamente anterior ao dia do vencimento ou posterior ao pagamento com o recado de que, se não houvesse o pagamento, não teria mais”, declarou em entrevista coletiva na tarde desta sexta o delegado Flori Cordeiro Miranda Júnior, em Ji-Paraná.
Na sexta-feira, a PF apreendeu um montante de R$ 256 mil, sendo R$ 10 mil em Ji-Paraná, R$ 26 mil em São Francisco do Guaporé e R$ 220 mil em Rolim de Moura. A corporação estima que as joias apreendidas em Rolim de Moura durante a operação cheguem perto dos R$ 5 milhões, mas o valor ainda será avaliado.
Também foram cumpridos 12 de mandados de busca e apreensão, com 22 equipes e envolvimento de cerca de 80 policiais federais nas quatro cidades.
O nome da operação, Reciclagem, faz referência ao ramo de atividades da empresa envolvida no caso e na origem dos recursos ilícitos. O Tribunal de Justiça que cuida do caso decretou sigilo nas investigações.