A Polícia Federal (PF) revelou nesta quinta-feira (10) que o prefeito de Vilhena, José Luiz Rover (PP), é o chefe da organização criminosa que atuava no poder executivo praticando diversos crimes, como a cobrança de propina. As autoridades estimam que mais de R$ 5 milhões tenham sido desviados da prefeitura em seis anos. O prefeito foi preso durante a manhã desta quinta através da Operação Áugias.
A operação foi feita em em conjunto com o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). Rover está com a licença pública suspensa. O vice-prefeito,Jacier Rosa Dias (PSC), foi preso no dia 2 de novembro, também por suspeita de corrupção.
Segundo a PF, no esquema liderado por Rover participavam ex-secretários municipais, servidores e empresários. De 2010 a 2016, os integrantes teriam cometido falsidade ideológica, fraude à licitação, lavagem de capitais, corrupção passiva, crime de responsabilidade, dentre outras irregularidades.
O dinheiro era desviado especialmente da Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) e da Secretaria Municipal de Obras (SEMOSP), mediante processos administrativos de reconhecimento de dívidas, nos quais empresas eram contratadas sem licitação.
“Basicamente a prefeitura de Vilhena não contratava e nem pagava ninguém sem propina”, disse o delegado Flori Cordeiro de Miranda.
As investigações iniciaram em 2015, durante desdobramentos da “Operação Stigma” e deram sequência em setembro deste ano, após a “Operação Ficus“. “A partir do momento que foi detectado a presença do prefeito, o MPE e a PF juntaram esforços no sentido de colher provas para responsabilizar quem é de direito”, disse o delegado.
Por determinação do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), foram cumpridas nesta manhã mandado de prisão preventiva, mandado de busca e apreensão, além de ordem de suspensão da função pública do prefeito, indisponibilidade de bens e outras medidas cautelares.
Até o fechamento desta reportagem, Rover encontrava-se na PF. Conforme a polícia, ele será encaminhado para Porto Velho (RO). O advogado do prefeito afastado declarou que irá pedir a revogação da prisão.
Operação Áugias
A ação do MPE e da PF nesta quinta-feira foi intitulada Operação Áugias. O nome é uma referência a mitologia grega, especificamente ao serviço de limpeza e purificação que Hércules realizou nos estábulos imundos de Áugias, filho de Poseidon.
Áugias possuía um rebanho numeroso que há mais de 30 anos não era limpo, mas Hércules removeu toda a sujeira acumulada em um dia.
Prisões
Além do prefeito de Vilhena, José Luiz Rover, já estão presos o vice-prefeito, Jacier Rosa Dias, e mais 5 vereadores da Câmara Municipal. Jacier foi preso em seu hotel, no Bairro Jardim América, e Marco em casa, no Bairro São José, no início de novembro.
De acordo com a PF, as investigações começaram quando o Ministério Público Federal (MPF) soube das irregularidades, através de outras operações desencadeadas no município. As apurações apontam que os vereadores participavam de um esquema de aprovação de loteamentos na cidade, mediante recompensa.
Conforme a PF, para os loteamentos serem aprovados, os vereadores recebiam terrenos e quantias em dinheiro. Até o momento, a polícia acredita que o grupo tenha recebido mais de R$ 500 mil.
O vereador José Garcia da Silva (DEM) foi o 1º a ser preso em flagrante, no dia 18 de outubro. A prisão foi realizada pela PF quando Garcia estava a caminho da Câmara de Vereadores do município.
O vereador Vanderlei Amauri Graebin (PSC) foi o 2° a ser preso, no dia 21 de outubro. Segundo a PF, ele se entregou na sede da instituição após a Justiça do estado decretar a prisão preventiva do parlamentar.
No dia 22 de outubro, o vereador Carmozino Alves Moreira (PSDC) também foi presopela Polícia Federal. Conforme a PF, a prisão foi necessária para manutenção da ordem pública.
Dois dias depois, o presidente da câmara, Junior Donadon (PSD), foi preso em uma barreira da Polícia Federal, na BR-364. Donadon recebeu voz de prisão, e foi conduzido até a delegacia da PF em uma viatura. Depois, foi levado para exame de corpo de delito na delegacia de Polícia Civil e, em seguida, encaminhado para a Casa de Detenção do município.
Já vereador Antonio Marco de Albuquerque (PHS), conhecido como Marcos Cabeludo, foi preso no mesmo dia que o vice-prefeito.
Os vereadores Jaldemiro Dedé Moreira (PP), conhecido por Jairo Peixoto e Maria Marta José Moreira (PSC) estão foragidos.