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Jaru, 27 de novembro de 2024

Prefeito de Porto Velho diz que pode rescindir compra de vacina por falta de documentos da empresa investigada por golpe

O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), confirmou que esteve no Rio de Janeiro e conversou com o delegado responsável pela investigação da operação contra a empresa que negociou doses da vacina de Oxford/AstraZeneca a pelo menos 20 prefeituras de todo o Brasil. A Polícia Civil do RJ afirma se tratar de um golpe.

Em entrevista à Rede Amazônica nesta nesta terça-feira (27) o prefeito disse que nos próximos dias, se não receber os documentos pendentes, a prefeitura deve rescindir unilateralmente a compra.

“É uma luta diária. Nós não podemos simplesmente ficar quietos. O “não” nós já temos, a função do prefeito é ter atitude e buscar mesmo que corramos o risco de alguma frustração, como está acontecendo nesse momento”, afirmou.

“Ainda há muito a ser investigado. É uma situação muito incipiente e realmente existem algumas incongruências. O assunto em si é muito complexo. Nenhum município brasileiro conseguiu comprar vacina diretamente dos fabricantes ou distribuidores. Nós ainda estamos mantendo a nossa negociação em andamento, mas por pouco tempo“, disse.

A aquisição foi anunciada no dia 12 de março. Dias depois, a promessa era que 400 mil doses da vacina contra a Covid-19 seriam entregues até 15 de maio para a imunização dos portovelhenses. Ao todo, R$ 20 milhões seriam investidos na compra.

Hildon reforçou que as 400 mil doses não foram pagas e que não há prejuízos financeiros aos cofres públicos. Ele destacou que a tentativa foi para avançar com a imunização no município.

Segundo o prefeito, outros caminhos são estudados para garantir vacinas à população. De acordo com a declaração dele, está em andamento uma tratativa para aquisição de doses pelo Conectar, um consórcio criado pela Frente Nacional dos Prefeitos.

Operação Sine Die

Operação mira golpe em oferta de vacina contra a Covid
Operação mira golpe em oferta de vacina contra a Covid

A empresa que negociava doses da vacina de Oxford/AstraZeneca com pelo menos 20 prefeituras é investigada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por golpes. De acordo com a delegacia responsável pelo caso, a Montserrat Consultoria dizia ter um lote de meio bilhão de doses do imunizante, a US$ 7,90 (R$ 44) cada uma — mas que jamais seriam entregues.

Segundo as investigações, os suspeitos se passavam por representantes da empresa americana Ecosafe Solutions e diziam ter doses disponíveis da vacina. No entanto, o laboratório AstraZeneca informou que todas as doses em produção estão destinadas a consórcios internacionais, como o Covax Facility, e contratos com países. Não há doses remanescentes para serem comercializadas.

Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Pernambuco, expedidos pelo juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara Criminal Especializada do RJ, na Operação Sine Die — sem data, em latim.

Análise do TCE-RO

Antes da operação, o presidente do Tribunal de Contas de Rondônia (TCE-RO), Paulo Curi Neto, pediu que uma equipe de auditores fiscalizasse a aquisição de vacinas e de insumos. Essa equipe solicitou que a prefeitura enviasse todos os documentos relativos à negociação para análise técnica.

A opinião técnica preliminar indicando, ou não, supostos indícios de fraudes estava prevista para sair na última sexta-feira (23). O G1 entrou em contato com o TCE solicitando o parecer e aguarda retorno.


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