A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) investiga a informação de que a jovem X., de 16 anos, teria sido estuprada pelos traficantes que estavam numa das bocas de fumo do Morro do Barão, na Praça Seca. O ponto de venda de drogas fica próximo ao local conhecido como “abatedouro”, onde a jovem foi estuprada.
A especializada tenta identificar os criminosos que violentaram X. Nessa quinta-feira, a delegada Cristiana Bento, titular da DCAV, pediu à Justiça a prisão de mais dois traficantes suspeitos de terem participado do estupro coletivo: um deles é Moisés Camilo de Lucena, de 28 anos, e o outro foi identificado apenas como Jefinho. O último teria feito o vídeo que viralizou na internet. Nele, a jovem está nua, desacordada e tem as partes íntimas tocadas.
Cristiana Bento também pediu nessa quinta o revogação da prisão do jogador do Boavista Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, preso na última segunda-feira. Ele continua sendo investigado, mas a delegada considerou que não há, por enquanto, elementos indicando que o jovem tenha participado do crime, por isso não há necessidade de mantê-lo atrás das grades. Inicialmente, o rapaz foi apontado como namorado de X, informação que ele nega.
O Ministério Público foi favorável ao pedido da delegada. Até a noite dessa quinta, não havia decisão judicial sobre a soltura de Lucas. Ele foi transferido, à tarde, para o Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, junto com Raí de Souza, de 18 anos, também preso pelo crime. Eles estão na Cadeia Pública Frederico Marques.
A defesa de Lucas também já havia pedido sua liberdade à Justiça. O advogado Eduardo Antunes entrou com a solicitação anteontem, após uma jovem que seria amiga de X. ter prestado depoimento na DCAV. Segundo Antunes, a adolescente teria conversado com a vítima do estupro pela internet. No bate-papo, ocorrido na última sexta-feira, a garota pergunta a X. se “Petão” (apelido de Lucas) teria realmente cometido o crime e ela responde: “Não. Tá louca?”
Nessa quinta, os pais de Lucas estiveram na Cidade da Polícia, onde o rapaz estava.
– Não consigo dormir e parei de assistir à TV. Estou muito apreensiva. Meu filho é um atleta, não é um estuprador – disse Leila Maria Santos Perdomo, de 43 anos.
Chefe do tráfico na mira da polícia
Chefe do tráfico no Barão, o traficante Sérgio Luiz da Silva Junior, o Da Russa, de 26 anos, passou a ser um dos criminosos mais procurados pela polícia após o caso de estupro em sua comunidade ter vindo à tona. Ele é um dos que tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça pelo estupro da jovem X e está foragido. Também conhecido como Pará, o bandido é o homem de guerra da principal facção criminosa do Rio, papel que assumiu após a prisão do traficante Luiz Cláudio Machado, o Marreta, em dezembro de 2014.
De acordo com informações da Polícia Civil, Da Russa liderou as recentes tentativas de invasões de sua quadrilha no Morro do Juramento, Jorge Turco, Proença Rosa, Chaves e Mundial, no mês passado.
O bandido é oriundo do Complexo do Alemão, na Zona Norte, onde começou no crime ainda adolescente. Com a ocupação do conjunto de favelas, em novembro de 2010, ele migrou para o Complexo do Lins, onde passou a integrar o chamado “Bonde do Marreta”. Lá, aos poucos, foi ganhando prestígio com o criminoso, que era chefe do tráfico na localidade, e virou seu braço direito e homem de confiança.
Três anos depois, em outubro de 2013, a quadrilha migrou novamente, com a entrada da polícia no Lins. Pela mata, os criminosos foram para o Morro da Covanca, em Jacarepaguá. Pouco tempo depois, resolvem ir para o Barão, onde a quadrilha avaliou que seria melhor se estabelecer. Para tomar as duas comunidades, os traficantes travaram uma guerra contra os milicianos que dominavam a região.
Da Russa é considerado um traficante violento, mas assistencialista. Há seis mandados de prisão contra ele por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Ele possui apenas uma condenação, a 12 anos de prisão, pelo crime de associação para o tráfico, mas ainda responde a outros quatro processos.