“Em Rondônia nós temos um problema: como nós não temos saneamento básico [de qualidade], as fossas ficam do lado dos poços, então já se esperava que teria um índice de contaminação”, aponta a pesquisadora e coordenadora do estudo, Gisele Teixeira.
Assim como aponta a pesquisa, em Buritis existe tratamento e distribuição de água. Porém, cerca de 60% da população opta por não utilizar o serviço e possui como principal fonte de abastecimento os poços residenciais.
De acordo com a professora doutora Gisele Teixeira, foram analisados três poços e uma rede de abastecimento público de cada bairro de Buritis. Em todos os bairros foram encontrados poços contaminados. As amostram foram colhidas em outubro e novembro de 2023.
A pesquisa revelou que a água distribuída pela rede pública estava de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, mas quase toda a água dos poços é imprópria para consumo.
Pesquisadora colhe água para análise em Buritis, RO — Foto: Divulgação
“Só um poço que não deu contaminação, que era um poço que a pessoa tinha aberto recentemente na parte mais alta da cidade. Todos os demais poços avaliados apresentam alto índice de contaminação de coliformes totais e também Escherichia coli, que é a bactéria que comprova que tem contaminação fecal porque ela é uma bactéria que só está presente nas fezes”, aponta Gisele.
Além disso, ainda conforme a pesquisadora, padarias, restaurantes e estabelecimentos que preparam alimentos na cidade também foram alvo da pesquisa e também possuíam água contaminada.
“Então, nesses casos, eles estão vendendo alimentos que foram produzidos com água contaminada. Então além das pessoas consumirem a água contaminada elas vão consumir alimentos contaminados”, comenta a pesquisadora.
Gisele ressalta que a população opta por tratar a água dos poços com cloro, mas a substância não foi suficiente para evitar a contaminação.
“Cloro não pode ser encontrado dentro do poço. Por que? Existe um limite que pode ser adicionado na água. No poço não tem como saber a quantidade de água. Se for adicionado cloro, precisa ser adicionado à caixa de água porque vai fazer a proporção correta”, alerta.
O consumo de água ou alimentos contaminados podem causar doenças como diarreias, disenterias, hepatites, cólera e outras.
“Um dos principais objetivos de expor esses dados desta forma é mostrar para as autoridades que algo precisa ser feito para conscientizar a população e facilitar a aquisição de água de qualidade”, aponta Gisele.
G1