De acordo com o MPF, entre os anos de 2019 e 2022 pelo menos 444 pessoas entraram ilegalmente nos EUA com a ajuda da organização criminosa, sendo quase um terço formado por menores de idade.
As investigações apontaram que os criminosos cobravam entre R$ 60 mil e R$ 70 mil por pessoa para a entrada no outro país. Entre os anos de 2017 e 2021, o grupo teria movimentado de forma ilegal e não declarada cerca de R$ 16,5 milhões em 45 contas bancárias.
A denúncia apresentada pelo procurador da República Reginaldo Trindade aponta que o grupo era “altamente organizado e de caráter transnacional, atuando no contrabando de brasileiros tendo como rota o México até a entrada irregular nos Estados Unidos”.
O MPF ainda aponta uma empresa de turismo sediada em Buritis (RO) como integrante do esquema, além outros colaboradores no Brasil, México e EUA que atuavam com trâmites burocráticos de emissão de passaportes brasileiros e o apoio de “coiotes”.
O órgão pede a condenação dos acusados pelos crimes de: promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa; promover migração ilegal, nesse caso, a entrada ilegal de brasileiro em país estrangeiro; e lavar ou ocultar bens e valores.
Operação Yankee
As investigações tiveram início em 2021 após o recebimento de um documento de uma agência americana informando sobre a abordagem de um brasileiro no Texas, que informou ter recebido ajuda de outras pessoas para entrar no país.
Segundo o MPF, agentes policiais atuaram infiltrados na organização criminosa para conseguir indícios sobre autoria e participação dos denunciados, além de informações sobre divisão de tarefas, valores cobrados e logística do transporte.
A Operação Yankee foi realizada em fevereiro deste ano nos estados de Rondônia, Amazonas, Goiás e Tocantins para o cumprimento de mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão.
Dos acusados, três estão em prisão preventiva, um em prisão domiciliar e um está com monitoramento eletrônico. Ainda existe um mandado de prisão a ser cumprido.
Brasileira encontrada morta no México
Lenilda com a roupa que usou para cruzar a fronteira dos EUA — Foto: Arquivo Pessoal
Em 2021, o corpo de uma brasileira foi encontrado em um deserto no México. A rondoniense Lenilda Santos estava com um grupo de brasileiros que entraria ilegalmente nos EUA com a ajuda de um coiote. No entanto, ela não aguentou a viagem, foi deixada para trás e acabou morrendo.
Lenilda saiu de Vale do Paraíso (RO) com dois amigos de infância, que atravessariam a fronteira com ela. Eles passaram 33 dias na mesma casa esperando o melhor momento para atravessar o deserto. A caminhada iniciou em um domingo e já no dia seguinte Lenilda estava muito desidratada e passando mal.
Em áudios enviados à família, Lenilda conta que os amigos decidiram seguir caminho sem ela, mas que voltariam para buscá-la. Ela só precisava seguir andando mais um pouco até o local combinado e aguardar por ajuda.
Lenilda foi encontrada morta nove dias depois. A família acredita que ela morreu de sede após ser abandonada. O objetivo dela em ir para os EUA era trabalhar para pagar a faculdade das duas filhas e garantir uma melhor qualidade de vida para os familiares.
G1