A taxa de desemprego ficou em 8,9% no terceiro trimestre de 2015, segundo dados divulgados nesta terça-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012.
O índice de julho a setembro ficou acima do trimestre anterior, quando bateu 8,3%, e do terceiro trimestre de 2014, quando atingiu 6,8%.
“Foi recorde a taxa de desocupação desde que a pesquisa se iniciou. E não é só a taxa mais alta, mas é mudança também do comportamento da taxa de desocupação. Você tem agora um avanço dessa taxa”. De acordo com Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, nesse momento do ano, o mercado de trabalho já começaria a se aquecer por causa das vagas de emprego temporário. “Não é o que está acontecendo.”
Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que substituirá a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
Onde está o desemprego
Entre as regiões brasileiras, a Nordeste mostrou a maior taxa de desemprego, de 10,8%, e a Sul, a menor, de 6% e na comparação entre gênero, as mulheres representavam 51,2% da população desocupada. Essa tendência pode ser observada em quase todas as regiões, menos no Nordeste.
O grupo de brasileiros de 14 a 17 anos de idade respondiam por 8,4% das pessoas desocupadas no país; os jovens de 18 a 24 anos eram 33,1% e os adultos de 25 a 39 anos de idade, de 37%.
“Entre a população de 14 anos ou mais tem menos pessoas trabalhando. Ou seja, as pessoas perdem o emprego e acabam indo para o mercado de trabalho para tomar providências para conseguir se realocar”, analisou Azeredo.
No terceiro trimestre, 51,2% das pessoas desocupadas tinham concluído pelo menos o ensino médio e 25,9% não tinham o ensino fundamental. Os desempregagos com nível superior completo chegavam a 8,8%.
No geral, a população desocupada cresceu tanto em relação com o trimestre anterior, 7,5%, quanto frente ao mesmo período do ano passado, 33,9%, chegando a 9 milhões de pessoas. De acordo com o IBGE, esse foi o maior crescimento da população desocupada na comparação anual. Já a população ocupada ficou estável e somou 92,1 milhões de pessoas.
Segundo o IBGE, 35,4 milhões de pessoas tinham carteira de trabalho assinada no setor privado, uma queda de 1,4% diante do trimestre anterior e de 3,4% frente ao mesmo período de 2014.
“A população ocupada só não está caindo porque as pessoas que estão perdendo a carteira de trabalho, estão se inserindo no mercado como conta própria ou abrindo pequenos negócios”, disse Azeredo.
No Brasil, quase 39% das pessoas em idade de trabalhar foram classificadas como fora da força de trabalho, ou seja, não estavam ocupadas nem desocupadas. O Nordeste teve a maior taxam de 42,5% e a Centro-Oeste, a menor 35,3%.
O setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas concentrava a maior proporção de trabalhadores (19,1%), seguido pelo segmento de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (16,8%) e pela indústria geral (14%).
“Essa alta do comércio é porque ele é o mais aderente no processo de montar o seu próprio negócio. Então, essa alta que está acontecendo em relação ao período anterior [mesmo trimestre de 2014], é bastante comum e observado em pesquisas, que o comércio tende a aumentar principalmente quando essa figura trabalhador por conta própria ou empregador, com número de empregados pequenos, tende a aumentar”.
Renda
O rendimento médio real de todos os trabalhos foi estimado em R$ 1.889. Não houve variação em relação ao mesmo trimestre de 2014, mas caiu 1,2% frente ao segundo trimestre de 2015.