Uma mulher que simulou uma gravidez por nove meses, ganhou o enxoval da família, fingiu ir à maternidade, enviou foto de um bebê que achou na internet para a companheiro e depois acusou uma amiga de roubar a criança está sendo indiciada pelos crimes de denunciação caluniosa e estelionato. A auxiliar de serviços gerais Maria Tânia da Silva, de 38 anos, procurou a 15ª DP (Gávea) para registrar o suposto sumiço do filho, mas, após diversas diligências, acabou admitindo em depoimento que inventara toda a história a fim de manter o relacionamento com Jandeílson Nascimento Hermínio, de 27 anos.
De acordo com o delegado Daniel Rosa, titular da 15ª DP, Maria Tânia esteve na distrital no dia 15 de junho, informando que seu filho nascera três dias antes no Hospital Municipal Miguel Couto. Ao namorado, inicialmente, ela tinha dito que a criança morrera durante o parto e que o seu corpo não lhe fora entregue. Aos policiais, entretanto, ela mudou a versão, afirmando que uma colega de trabalho, que estaria na unidade de saúde a acompanhando, teria roubado a criança, e depois, numa terceira versão, alegou que teria doado o menino à mulher para se vingar do namorado, de quem supostamente descobrira uma traição.
Intimada a depor, a colega de trabalho contou ter recebido mensagens de Maria Tânia da Silva no dia do suposto parto avisando estar indo a uma maternidade. Horas depois, informou que “Ravi” havia nascido, mas que tinha um “problema no pulmão”. Em seguida, ela avisou que a criança estava morta.
Já Jandeílson contou ter um relacionamento com Maria Tânia há cerca de um ano e ter sido informado por ela da gravidez, após um exame feito em uma Clínica da Família em Rio das Pedras, na Zona Oeste. Ele disse que no dia do suposto parto encontrou a namorada e ela, chorando, contou que o bebê havia morrido. No dia seguinte, ela afirmou a ele que retornaria ao Miguel Couto para retirar documentos relativos ao óbito e o rapaz a teria orientado a comparecer na 15ª DP.
No segundo depoimento que prestou, a auxiliar de serviços gerais admitiu nunca ter engravidado, tendo ficado frustrada com o resultado negativo do exame que fizera na Clínica da Família. Ela disse que “inventando essa história” acreditou que o namorado continuasse o relacionamento com ela. Maria Tânia relatou ainda ter recebido presentes, como roupas, fraldas e uma banheira, da família do rapaz e ainda ter enviado a ele fotos de um bebê e de uma maternidade que achou em um site de buscas da internet.
– É importante destacar que, diante da gravidade dos fatos apresentados na delegacia, diversas diligências foram implementadas; ofícios, expedidos; documentos, requeridos; consultas, perícias e oitivas, realizadas. Então é necessário que as pessoas se conscientizem que mentir ao registrar uma ocorrência é crime e quem o comete deve ser punido com o rigor da lei – explicou Daniel Rosa.