A mulher de 34 anos atacada com ácido corrosivo pelo ex-marido já havia registrado 12 boletins de ocorrência por violência doméstica contra o suspeito, segundo a Polícia Civil. Ela e os dois filhos, de 5 e 7 anos, foram agredidos no último sábado (14), em Ouro Preto do Oeste (RO), pelo homem, que é cadeirante e fugiu após o crime. O casal já estava separado há quatro anos e meio, mas, segundo a vítima, o ex nunca aceitou a separação. “Desde que me separei, registro ocorrência”, disse a dona de casa.
De acordo com a Polícia Civil, os boletins começaram a ser registrados em 2011. O delegado Ícaro Alex Soares conta que a mulher já denunciou o ex por ameaçá-la com um facão e tentativa de enforcamento. Além disso, ele teria invadido a casa e retido documentos pessoais dela.
O suspeito também chegou a ser preso duas vezes por descumprir determinação judicial que o impedia de se aproximar ou manter qualquer contato com a vítima. “Ele quebrou todas as medidas cautelares. Foi preso em 2012 e em 2013, mas o tempo de prisão por ameaça é de no máximo, seis meses”, informou o delegado.
No último sábado, o ataque aconteceu quando a dona de casa foi buscar o dinheiro da pensão alimentícia dos filhos com o ex-marido. A pedido do suspeito, o encontro foi marcado no apartamento dele. “Eu cheguei, sentei no banquinho, ele pediu para o meu filho de sete anos pegar uma sacola e entrou. Na hora que o menino entrou, ele chegou com uma panela e jogou o negócio na minha cara”, relata.
depois transferida para Porto Velho (RO)
(Foto: Ouropretodooeste.com/Reprodução)
O líquido, inicialmente identificado como soda cáustica, atingiu a cabeça, o rosto e parte do tórax da vítima. “Abri o olho e pensei que era resto de comida, mas não era. Aí ele disse: ‘agora eu vou mostrar pra você’, foi quando vi ele tentando pegar uma arma. Gritei pelo meu [filho] ‘menorzinho’, que puxou minha mão, e eu não consegui enxergar mais nada. Corri pensando que ele ia me matar”, relata.
O cadeirante fugiu logo após cometer o crime e, até a tarde desta segunda-feira (16), ainda não foi encontrado. “Acho incrível a polícia não conseguir pegar um cadeirante. Só poderia estar premeditado, ele fez e já tinha alguém esperando para buscá-lo. Ele jurou que, de um jeito ou de outro, iria me matar”, finaliza a vítima.
A Polícia Civil alega que pedirá a prisão preventiva do cadeirante e que aguarda o resultado do laudo médico que apontará qual substância foi utilizada no crime.
Líquido
Após o ataque, a vítima e os filhos foram socorridos pela Polícia Militar e encaminhados ao Hospital Municipal de Ouro Preto. Como as crianças abraçaram a mãe, foram atingidas indiretamente por respingos do líquido e sofreram apenas ferimentos superficiais. A mulher precisou ser encaminhada para Porto Velho, devido à gravidade das lesões nos olhos.
Ela diz que os médicos descartaram que substância atirada contra ela seja soda cáustica, mas ainda não sabem definir o tipo de líquido usada no crime. A vítima não terá sequelas permanentes ou a visão afetada, mas terá que passar colírio específico e pomada constantemente.
Crime premeditado
A dona de casa suspeita que o crime já estava premeditado. Conforme a vítima, há cerca de um mês, o ex entregou a ela um suposto produto cosmético para a pele, dizendo que era arriscado. “Um mês atrás ele me mostrou um produto muito perigoso, insistiu para que eu passasse [no corpo] e eu disse que não. Fico com medo de ele ter misturado aquilo com outra coisa mais forte.”
A mulher acredita que o ataque foi causado principlamente porque o ex não aceita estar separado dela. Após a separação, o suspeito perdeu o movimento das pernas e passou a depender de cadeira de rodas após cair de cima de um pé de coco e bater a coluna contra um meio fio.