O Ministério Público Federal de Rondônia (MP-RO) declarou nesta quarta-feira (15) que vai apurar a denúncia da Anistia Internacional contra a JBS, que teria comprado gado criado ilegalmente áreas protegidas da Amazônia, como em terras indígenas e reservas extrativistas de Rondônia. A multinacional, em nota, negou as acusações.
De acordo com a procuradora da República Gisele Bleggi, o MPF conta com o projeto Carne Legal, que acompanha e rastreia toda a cadeira produtiva do alimento, além do Projeto Amazônia Protege, que tenta frear a legalização de produtos, dentre eles a carne, oriundos da exploração ilegal em terras indígenas.
“Todos os procuradores que atuam na área ambiental participam destas investigações, e propõem as medidas judiciais cabíveis, tanto na área criminal, como na área cível. A invasão e exploração de terras públicas dão origem também a conflitos e disputas por áreas, aumentando a violência no campo e na floresta”, disse Bleggi à Rede Amazônica.
O titular da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), Evandro Padovani, informou que a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron) tem o controle na área de sanidade animal e vegetal. Disse ainda que todos os frigoríficos estão proibidos de adquirir produtos animais de áreas protegidas.
“Então os próprios frigoríficos também, além das certificações, do licenciamento que o estado emite, os frigoríficos também fazem em uma base o acompanhamento para ver se essa propriedade rural não está embargada. Acho muito difícil, nos dias de hoje, os nossos frigoríficos estarem comprando em áreas embargadas, protegidas”, explicou à Rede Amazônica.
A denúncia consta em um relatório divulgado pela ONG nesta quarta, chamado “Da floresta à fazenda”. No documento, a Anistia cita que, em seis meses de investigação, uma equipe encontrou indícios de que bovinos criados ilegalmente em áreas protegidas da Amazônia viraram bifes embalados com o selo da JBS.
Sem revelar o nome das fazendas envolvidas, a Anistia aponta que a JBS comprou indiretamente gado de uma área usada como pasto dentro da Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, em Rondônia, unidade de conservação federal.
A empresa também teria negociado gado de fazendas que ocupam terras dentro da Reserva Rio Jacy-Paraná e da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau. Segundo a lei, a pecuária comercial é proibida nesses locais.
JBS nega
Em nota, a multinacional negou que compra gado em fazendas envolvidas com irregularidades em áreas protegidas, alegando que qualquer “fazenda não compatível com as nossas políticas de fornecimento sustentável é bloqueada em nossa cadeia de suprimentos” e que sempre esteve à frente “das iniciativas da indústria para combater a lavagem de gado”
“Nós exortamos qualquer pessoa com informações a respeito de práticas no campo que não respeitem os princípios de sustentabilidade a relatar essa conduta às autoridades, para que as medidas cabíveis sejam tomadas”, diz no texto.