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Jaru, 30 de março de 2025

Mais de 1 mil caminhoneiros ‘acampam’ por dias para escoar produção de soja em Rondônia

Com a safra recorde de soja em 2024/25, somada ao atraso na colheita e à crise hídrica em Rondônia, os portos de Porto Velho enfrentam dificuldades para escoar os grãos. Mais de 1 mil caminhões chegam a esperar três dias em Candeias do Jamari (RO) para descarregar.

A produção sai da colheita em caminhões, chega ao porto, onde é descarregada e escoa de barcaças através de rio Madeira até o porto de Santarém (PA), de onde é exportada.

Caminhões de soja esperam para descarregar em Porto Velho — Foto: Rede Amazônica

Caminhões de soja esperam para descarregar em Porto Velho — Foto: Rede Amazônica

A capacidade de embarque no Porto de Porto Velho é de 10 mil toneladas por dia, equivalente a 200 caminhões. Imagens aéreas mostram a quantidade de veículos que esperam a vez de deixar a carga. Se esses caminhões estivessem enfileirados um atrás do outro formariam uma fila de Porto Velho até Candeias do Jamari (RO), cidades com aproximadamente 30 km de distância.

De acordo com caminhoneiros que operam na região, a demora gera outros problemas como despesas extras com taxas. Flávio, um dos motoristas parados em Candeias do Jamari, relata que já chegou a passar fome durante a espera.

“Cheguei aqui e disseram que tinha duzentos caminhões na minha frente, aí tem que esperar. Se for perguntar, falam que é falta de balsa. Às vezes, não tem nada para a gente comer, a gente fica com fome”, diz.

 

Caminhões esperam para descarregar soja em Rondônia — Foto: Rede Amazônica

Caminhões esperam para descarregar soja em Rondônia — Foto: Rede Amazônica

Segundo Fernando Parente, presidente da Sociedade dos Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia (SOPH), a demora no escoamento dos grãos é resultado da combinação de vários fatores.

“Este ano houve um atraso na colheita da soja, além de um grande aumento na produção. Isso gerou um gargalo no escoamento. Também entendemos que a crise hídrica e a seca do ano passado podem ter contribuído para essa situação”, afirma.

 

Somente no Porto de Porto Velho, o volume operado em janeiro de 2025 foi de 80.989 toneladas. Já em fevereiro, esse volume subiu para 199.057 toneladas, o que representa um aumento de 145,7%.

Com a expectativa de crescimento da produção de soja tanto em Rondônia quanto em Mato Grosso, que também utiliza as hidrovias da Amazônia para escoar grãos, algumas medidas estão sendo adotadas para minimizar os impactos.

Em nota enviada à Rede Amazônica, a SOPH informou que está atuando para prevenir novos gargalos.

“O Porto de Porto Velho tem tomado medidas para mitigar impactos futuros, incluindo o acompanhamento contínuo do aumento no volume de cargas, a busca por novos operadores interessados e a ampliação da divulgação de áreas disponíveis para arrendamento portuário”, conclui.

G1


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