O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Roque Paloschi, confirmou nesta sexta-feira (19) a morte de mais dois indígenas em decorrência do novo coronavírus. As vítimas são dos povos Guarasugwe e Puruborá, em Rondônia. Com os novos óbitos, vai para quatro o número de óbitos entre indígenas no estado.
Não há mais informações sobre os indígenas. Em abril, entidades se disseram preocupadas com a disseminação do novo coronavírus nas aldeias.
“Estamos sempre recebendo relatos de uma situação alarmante de avanço do coronavírus nas terras indígenas”, disse Ivaneide Bandeira, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, em vídeo encaminhado à Rede Amazônica nesta semana.
Também em vídeo enviado à Rede Amazônica nesta semana, o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) em Porto Velho, Luiz Tagliani, informou que algumas medidas já foram tomadas em Guajará-Mirim e que, junto com a Fundação Nacional do Índio (Funai), reforçam o auxílio aos doentes e trabalham para evitar na disseminação do vírus.
“Estamos com alguns servidores que estão em quarentena. Estamos recebendo muitos insumos. A demora é grande, a burocracia é grande, mas estamos recebendo esses insumos e que serão priorizados ao polo de Guajará-Mirim, onde se concentra a maior população indígena”, explicou.
Até quinta-feira (18), conforme o Dsei, Porto Velho tem 10 casos confirmados da Covid-19 entre indígenas e, desses, 8 curas. Também 39 confirmações entre indígenas em Guajará-Mirim. Seis estão curados. Também há mais um caso em Ji-Paraná, mas o indígena também está curado. Todas as áreas são de atuação do Dsei Porto Velho, que contabiliza dados de indígenas aldeados.
Levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) desta sexta-feira (19) revela que há 14.353 confirmações e 391 óbitos em decorrência do vírus. As estatísticas apontam que, até esta quinta-feira (18), os casos estão divididos da seguinte forma:
- 5.263 pessoas recuperadas;
- 393 pacientes internados;
- 50.329 testes feitos;
- 1.697 casos suspeitos aguardando resultado.
Ainda de acordo com a pasta, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 75% até esta sexta-feira. Porto Velho é a região com o maior número de infectados: são quase 9 mil confirmações. Depois vem Ariquemes (873), Guajará-Mirim (865) e São Miguel do Guaporé (674)
Primeiras mortes
No inicio deste mês, uma indígena de 86 anos do povo Karitiana, identificada como Enedina Karitiana, morreu por Covid-19 em Rondônia. A informação foi confirmada pela Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi).
A primeira vítima, o líder indígena Gumercindo da Silva Karitiana, de 66 anos, era tio de Elivar Karitiana, vice-presidente do Condisi. “Confirmo sim. Ele estava com Covid-19. Estava entubado há dois dias”, disse Elivar, emocionado. Segundo Elivar, Enedina era mãe de Gumercindo.
O arcebispo de Porto Velho e presidente do Cimi, Dom Roque Paloschi, chegou a mencionar que a tendência é ter mais confirmações de Covid-19 entre indígenas. “Sim, podem ser muito mais. Eles são obrigados a vir para a cidade e há pessoas nas terras indígenas”, disse.
Nesta semana, o Cimi denunciou, em nota, o agravamento do avanço da Covid-19 nas aldeias e exigiu “providências das autoridades frente a essa situação calamitosa, que tem vitimado inúmeros indígenas”.
Conforme o conselho, os números oficiais divulgados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) indicam 103 mortes de indígenas por Covid-19 e pelo menos 3.079 indígenas contaminados até 16 de junho.
Já de acordo com os dados coletados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) até o dia 14 de junho, os números são ainda maiores: 281 indígenas mortos e 5.361 contaminados pelo novo coronavírus.