Lygia Clark, pintora, escultora e professora brasileira, ganhou uma homenagem do Google nesta sexta-feira (23), quando completaria 95 anos. Clark, que se denominava como “não artista”, foi co-fundadora do movimento de arte Neoconcreta no Brasil, em 1959. O Doodle que celebra seu aniversário representa uma de suas principais séries de obras: “Bichos”. Ela é composta por esculturas feitas em alumínio e com dobradiças que permitem a articulação das diferentes partes de seu “corpo”.
Essa série de obras estimulava a participação ativa do espectador, que poderia modificar, posicionar e brincar com as esculturas. Com “Bichos”, Lygia Clark se torna uma das pioneiras na arte participativa do mundo e ganha o prêmio de melhor escultura nacional na VI Bienal de São Paulo em 1961. Clark faleceu em abril de 1988.
Obra e vida
Lygia Clark nasceu em Belo Horizonte e se mudou para o Rio de Janeiro em 1947 para iniciar seus estudos artísticos sob a orientação de Zélia Salgado e Roberto Burle Marx. Pouco tempo depois foi para Paris, onde permaneceu até 1952 e realizou sua primeira exposição individual, no Institut Endoplastique.
De volta ao Brasil, Clark foi uma das fundadoras do Grupo Frente, criado em 1954, junto com Décio Vieira, Rubem Ludolf, e João José da Costa. O movimento de artes plásticas se dedicava romper com as fórmulas da ‘velha academia”. Lygia Clark também assinou o Manifesto Neoconcreto ao lado de nomes como Ferreira Gullar e Amilcar de Castro.
Nessa época, a artista realizou pinturas que ultrapassam a barreira da moldura. Ela acreditava que a arte não se sustentava mais em seu suporte tradicional. Foi nesse período, também, que ela iniciou a série “Bichos”, que transformava o espectador em participante através de esculturas “flexíveis”.
Depois de “Bichos”, Lygia começou a usar outro material: a borracha em “Obra Mole”, de 1964. A artista brasileira também expôs sua instalação “A Casa é o Corpo”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1972, se mudou novamente para Paris, convidada a dar aulas de comunicação gestual na Sorbonne. Em 1976, a artista retornou definitivamente ao Rio de Janeiro, abandonando as experiências com grupos e dando início a uma fase com fins terapêuticos.
Com uma abordagem individual e usando objetos relacionais, Lygia trabalhou o “arquivo de memória” de seus pacientes, bem como seus medos e fragilidades, através do uso sensorial. “Se a pessoa, depois de fizer essa série de coisas que eu dou, consegue viver de uma maneira mais livre, usar o corpo de uma maneira mais sensual, se expressar melhor, amar melhor, comer melhor, isso no fundo me interessa muito mais como resultado do que a própria coisa em si que eu proponho a vocês”, disse Clark.