Desta forma, os sonhos de Pâmela Calíope vão ser literalmente expostos para o mundo. Isso porque os quadros que a artista pinta são criados, em sua grande maioria, através de sonhos que ela tem.
“Meus sonhos são bem lúdicos. Eu estudei bastante da psicanálise, meu irmão é psicanalista e a gente gosta dessa ideia de analisar e entender o que está acontecendo por trás do sonho. Por isso o abstrato: para conseguir retratar uma coisa que não tem forma”.
Quadro “Sempre Chove nos sonhos dos não amados”, de Pâmela Caliope — Foto: Silas Júnior
O evento deve acontecer este ano, mas a data ainda não foi divulgada. Enquanto isso, Pâmela tenta absorver o que ela chama de “dádiva da vida”.
“Eu me inscrevi, mas esqueci que eu tinha me inscrito. Quando fui aprovada, eu comecei a chorar. No momento foi um êxtase muito grande, agora eu tô meio sem acreditar, sabe? Imagino que só eu vou acreditar quando meus quadros tiverem lá. É um patamar muito alto para uma artista [chegar], ainda mais autodidata, que começou do nada. É uma dádiva da vida que eu pretendo aproveitar ao máximo”, comentou.
Dois quadros da artista serão expostos no Carrousel Du Louvre. Eles são feitos especialmente para o evento, marcando também uma nova fase na vida da artista.
“Esses quadros em específico são meio que uma resolução do momento da minha vida, de deixar fantasmas no passado, de fechar esse ciclo de sofrimento e agora ser livre e feliz, finalmente”.
‘Sempre foi uma coisa que fez parte da minha vida’
A pintura na vida da Pâmela é “uma recordação de vidas anteriores”, como ela descreve. Sempre está presente, nas suas memórias mais antigas.
“Eu não me recordo de ter começado a pintar. Sempre foi uma força maior do que eu, sempre tive esse impulso de pintar. É claro que ninguém nasce um Picasso. É uma construção de muito estudo e trabalho”, aponta.
Quadro Holofote, da artista Pâmela Calíope — Foto: Silas Júnior
No começo, pintar era como uma fuga dos próprios problemas. Um pincel e uma tela em branco abriam a possibilidade da artista criar outros mundos e navegar por eles. Depois, a arte acabou se tornando sua paixão e seu trabalho.
“No começo foi mais uma fuga, sabe? Era meio que para sair daquela realidade e depois eu me apaixonei, foi minha maneira de me comunicar com o mundo. Quando eu estou pintando é como se eu fosse totalmente livre. Eu acho que todos os pintores se sentem dessa forma. Como se não existe o momento, é só a liberdade”.
Não que Pâmela nunca tenha tentado fugir e seguir outros caminhos, mas a arte se tornou parte essencial de sua vida.
“Ser artista é um trabalho muito difícil. Uma porque não é aceito e, outra, porque o lucro, ainda mais na região em que eu vivo, é pouco. Mas todas as vezes que eu pensei assim, eu senti que estava morrendo. Só a ideia de não trabalhar com arte é torturante para mim. Eu acredito que esse é meu papel no mundo: ser artista. Não tem outro caminho”.
Quadro Tempestade, de Pâmela Caliope — Foto: Silas Júnior
Os quadros da artista não tem um estilo “concreto”, variam entre o abstrato, o expressionista e o surrealismo: uma mistura de tudo.
“Eu pretendo continuar nesse caminho com certeza, evoluindo cada vez mais. Eu gostaria de ser um pouco mais reconhecida, gostaria mesmo de conseguir uma boa renda com a arte, conseguir aumentar esse mercado e trazer uma visibilidade para Rondônia, porque aqui tem artistas incríveis que não são reconhecidos”, finaliza.