Jaru Online
Jaru, 19 de abril de 2024

Jovem é estuprado e torturado em MG e escuta: “você salvou uma mulher hoje… “

“‘Parabéns, você salvou uma mulher hoje’, disse ele depois de me amordaçar, amarrar e mandar correr descalço no asfalto quente antes que ele voltasse com outra ideia.” O plano foi estuprar um jovem morador de Uberaba, em Minas Gerais. “Na manhã desse último domingo [20], durante minha caminhada matinal, eu, Mateus, homem cis, 23 anos, fui vítima de um estupro. Não foi sequestro, não foi assalto e, mesmo que pareça, não foi homofobia. Foi estupro”, escreveu o rapaz em postagem no Facebook.

O caso, confirmado pela Polícia Militar, foi relatado em detalhes pelo jovem na rede social. “Em resumo, um sujeito para de carro do meu lado, aponta uma arma na minha cara e me faz escolher entre entrar no veículo ou levar um tiro ali mesmo. E não, não tinha ninguém na rua, e também não, não tinha como correr. Ele roda um tempo, entra na mata, e o ato com paus, pedras e arame farpado começa. Caso eu quisesse gritar, a arma na minha boca não deixaria. Até o fim vocês conseguem imaginar o que ele fez com esse material em mim. Não foi sexo, foi tortura.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, a que o UOL teve acesso, a PM recebeu uma denúncia anônima sobre “um indivíduo com as mãos e pés amarrados. No local, nos deparamos com o senhor sentado na beira da estrada bastante abalado psicologicamente. Estava de calça jeans e sem camisa.

No depoimento, o jovem conta que saiu para caminhar na Estrada da Pedreira, às 7h da manhã de um domingo, como faz diariamente. “Foi abordado por um senhor em uma caminhonete de cor preta.”Ainda segundo o B.O, além de ter sofrido violência sexual, o rapaz tinha “vários riscos no corpo todo, bem como foi introduzido um pedaço de galho seco no lóbulo da orelha esquerda.”Diante dos fatos, a PM levou Mateus até o Hospital São José, onde “foi constatada a violência sexual contra a vítima.”

“Mas como eu saí vivo?”, questiona o rapaz na rede social. “Segundo o cidadão, ele queria uma menina que provavelmente ia matar depois, já que encontrou só um garoto, esse ia salvar a vida dela. ‘Parabéns, você salvou uma mulher hoje’.”

Ele não foi vítima apenas da crueldade de quem lhe violentou. Depois de deixado em uma estrada vicinal, onde ocorreu o ato, o rapaz andou por quase uma hora e 30 minutos pedindo ajuda.”Encontrei mais de 20 pessoas, e todas me negaram ajuda. Acharam que eu era drogado, assaltante… Tudo bem, eu entendo, mas não custava chamar a Polícia que era a única coisa que eu conseguia gritar? Eu estava sozinho. Com medo.”

A aflição continuou até que um motoqueiro ligou para a polícia, que demorou meia hora para chegar. “Mas não se enganem, nem os policiais e nem a equipe médica tava preparada para um caso desses”. ‘Mas você conhecia o agressor?’, ‘Por que você não correu?’, ‘Ele não titubeou nenhum momento para você se aproveitar?’ e ‘O indivíduo alega’ foram as melhores pérolas que ouvi. Como sempre a culpa é da vítima.”

A vítima termina seu relato dizendo que seus anseios eram simples. Queria passear com seu cachorro todo dia de manhã. “Só queria paz de espírito e estabilidade emocional. Mas eu juro para vocês que um evento desse porte faz a vida de qualquer um perder o sentido. Faz a gente se perguntar o porquê disso tudo. Quem sou eu agora?”

E conclui: “Não, eu não to bem. Me sinto humilhado, envergonhado, assustado. Cada lembrança é um pesadelo. Eu olho pro meu corpo agora e só penso que cada corte, cada ferimento e cada dor vão se transformar em força, em esperança, em renascimento. E isso graças a minha família que tem sido incrível – todos eles – e aos amigos.”.

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