Abidiel Pinto Rabelo, irmão do ex-deputado federal Jabes Rabelo, cassado em 1992, foi preso neste domingo (5) pela Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso, com 424,5 kg de substância análoga à pasta base de cocaína, na madrugada deste domingo (5), na BR-163, em Nova Mutum (239km de Cuiabá). Outro homem envolvido no tráfico, de 30 anos, também foi detido.
O traficante já tem histórico com a Polícia. Em 2001, ele fugiu da carceragem da Superintendência da instituição, em Rondônia, onde estava preso. Seu irmão, Jabes Rabelo, foi cassado em 1992, após fornecer uma carteira falsa de funcionário da Câmara para ele.
Em 1991, os dois estiveram envolvidos na maior apreensão de cocaína que havia ocorrido até a data no Brasil: 554 quilos da droga pura, transportada por Abdiel e outro irmão, Nobias Pinto Rabelo.
O Jornal do Brasil, em 1991, noticiou o fato e indicou: “Abdiel, com várias passagens pela polícia, uma delas por tráfico, mas de pequena monta, era transportador do Cartel de Cáli, a segunda maior organização mundial do tráfico, depois do Cartel de Medellin. De Cali sai 60% da droga vendida nos Estados Unidos e na Europa. Na época, o quilo da cocaína no mercado internacional estava avaliado entre 20 mil e 22 mil dólares” (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro/RJ, 11/07/1991).
Já em 2004, foi descoberto, segundo a Folha de São Paulo, que Abdiel comandava uma operação que manteve um boliviano de 31 anos refém durante seis meses em troca do pagamento adiantado de meia tonelada de cocaína.
“O refém pertence à quadrilha produtora da droga, na Bolívia, segundo a Polícia Civil paulista. Só seria libertado quando toda a carga negociada chegasse às mãos dos brasileiros. Se isso não acontecesse, seria assassinado.
Cinematográfica, a história não termina por aí. Após cinco meses de investigação e interceptações telefônicas, os policiais identificaram o chefe da organização criminosa: um preso.
Ele é Abdiel Pinto Rabelo, 49, irmão do ex-deputado federal Jabes Rabelo (PL-RO). Membro de uma das mais ricas famílias de Rondônia, Abdiel dava ordens aos comparsas por telefone, de uma cela da Penitenciária Nestor da Canoa, em Mirandópolis (607 km de SP), uma das que têm bloqueador de celular. A Secretaria da Administração Penitenciária disse que, instalados há mais de um ano, “os aparelhos já são suscetíveis a novas tecnologias”, diz a matéria da época.
A apreensão
Segundo informações da assessoria da PRF, através de policiamento orientado pela inteligência, dois veículos que trabalhavam em conjunto para realizar o transporte da droga foram abordados.
Um deles era uma Chevrolet/S10, com placas de Belo Horizonte/MG, conduzida por um senhor de 66 anos que atuava como batedor. O outro veículo, uma Toyota/Hilux, com placas de Uberlândia/MG, conduzida por um homem de 30 anos e que estava carregada com 410 tabletes da droga. Em ambos veículos, foram encontrados rádios transmissores para comunicação durante o trajeto.
Ao ser questionado, o condutor do veículo com a droga disse que a levaria de Campo Novo do Parecis/MT para Uberlândia, e que receberia certa quantia em dinheiro para realizar o transporte. O senhor que conduzia o veículo batedor, Abidiel, não se manifestou.
Em 2020, a PRF em Mato Grosso, já apreendeu quase 2 toneladas de cocaína. Somente nessa apreensão, a polícia causa um prejuízo de mais de 53 milhões de reais aos cofres do narcotráfico.
Isabela Mercuri | Olhar Direto