O povo indígena Paiter Suruí, de Rondônia, está leiloando obras de arte NFT, uma estratégia para arrecadar fundos para monitorar o território Sete de Setembro e patrocinar iniciativas sustentáveis — a meta é conservar pelo menos uma área de 13 mil hectares de floresta.
A venda de obras NFT, que muitas vezes ultrapassa valores milionários, é um mercado em crescimento no Brasil. A sigla significa “tokens não-fungíveis”, mas, em linguagem mais acessível, são arquivos com um selo digital associado, o que garante a autenticidade.
“O que é o NFT? Acho que a melhor forma de pensá-lo é como uma propriedade digital, um ativo digital. Ele é não-fungível, ou seja, ele é único, exatamente como ele só existe ele”, explica Fabricio Tota, diretor da Mercado Bitcoin, que disponibilizou a plataforma para a venda das obras.
Depois de discutir com parceiros, Almir Suruí, cacique da terra indígena Sete de Setembro, convidou os artistas da comunidade para se envolver no projeto. A meta é juntar dinheiro suficiente para garantir a proteção de uma parte do território e, ainda, reduzir as emissões de carbono. O valor de cada obra será revertido em até 95,5% para os Paiter Suruí.
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Almir Suruí, cacique da Terra Indígena Sete de Setembro — Foto: Arquivo Pessoal
“A ideia é adquirir tecnologias, como drones, GPS, computadores para geoprocessamento, e também identificar alguns projetos para receber financiamento e fortalecimento. Temos projetos de café, banana, cacau, castanha. Até de reflorestamento e de recuperação das nascentes”, explicou Almir Suruí.
A terra indígena Sete de Setembro compreende uma área de mais de 280 mil hectares, mas, com o projeto, os moradores pretendem garantir de forma independente o monitoramento de pelo menos 13 mil hectares de floresta.
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Terra Indígena Sete de Setembro — Foto: Elcio Horiuchi/g1
O leilão
Os artistas – entre indígenas Paiter Suruí e apoiadores da causa – disponibilizaram suas obras para o leilão, que encerra na próxima terça-feira (15). Alguns itens já receberam lances de até R$ 6,5 mil.
Filha de Almir Suruí, a fotógrafa Walelasoepilemãn Suruí, de 23 anos, está entre os artistas. Pí, como também conhecida, é irmã de Txai Suruí, ativista que discursou na última conferência do clima em Glasgow (COP26). Entre as imagens enviadas para o leilão, está uma fotografia que retrata a irmã em uma cachoeira depois de um dia de trabalho.
“É importante porque é uma figura representativa: é mulher, é jovem, é líder. Foi em um mês em que a gente estava a lazer, depois do trabalho, entrando de férias. A gente resolveu viajar um pouco”, disse Pí ao g1. Além de fotógrafa, a jovem também é estudante de psicologia em Porto Velho.
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Walelasoepilemãn Suruí, a Pí: ativista Indígena do povo Paiter Suruí e primeira mulher Suruí a se tornar fotógrafa profissional — Foto: Arquivo Pessoal
A artista também disponibilizou uma fotografia que fez em uma visita ao povo Uru-Eu-Wau-Wau, também de Rondônia. Ela foi convidada a pescar com os “parentes”, como ela os descreve, e disse que ali, no momento retratado, estava aprendendo mais sobre um outro povo indígena.
“Por que apesar de sermos todos povos indígenas, apesar de eu ser indígena e parente, eu sou de um povo diferente, e as demandas da minha comunidade são diferentes das demandas de um outro povo. Esse intercâmbio cultural, essa troca de saberes, é muito importante”, explicou.
Veja abaixo algumas das obras e, se interessar, o leilão está disponível na plataforma NFT: https://www.mercadobitcoin.com.br/nft
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Obra ‘Liberdade de Sentir’, fotografia de Pí Suruí, retrata banho de cachoeira da irmã, Txai Suruí — Foto: Walelasoepilemãn Suruí
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‘Pescaria’, por Walelasoepilemãn Suruí, que retrata parceria com o povo Uru-Eu-Wau-Wau de Rondônia — Foto: Walelasoepilemãn Suruí
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‘Cosmovisão Tupinambá da Amazônia’, colagem digital de Moara Tupinambá, artista e ativista natural de Mairi, Belém do Pará — Foto: Moara Tupinambá
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‘Protetores da Floresta – Peixe Mandy’, desenho de Denilson Baniwa, nascido em Mariuá, Rio Negro, Amazonas — Foto: Denilson Baniwa
G1