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Jaru, 22 de novembro de 2024

Indígena desenvolve moeda digital para ajudar na economia de povos tradicionais em RO

Um jovem indígena morador de Rondônia, criou uma moeda digital, para uso nas comunidades tradicionais do estado. O objetivo, segundo o idealizador Elias Oyxabaten, é proporcionar a valorização da produção agrícola e cultural do povo indígena, favorecendo a preservação dos costumes.

Filho de pai Suruí e mãe Cinta Larga, ele diz que sempre teve o sonho de mudar a realidade de seu povo, buscando melhorias. “Eu sempre quis trazer algo inovador, até que eu conheci a blockchain e busquei parceria de alguém que acreditasse no meu projeto”, conta.

O projeto da OYX um ativo digital que pode ser tokenizado e captar recursos para o grande objetivo que é buscar autonomia, segurança alimentar e uma renda mínima para a comunidade com valorização cultural e preservação do território.

Por falta de recursos, a moeda, que foi lançada em novembro de 2020, ainda não foi disponibilizada para uso. Com a crise causada pela pandemia, o patrocinador do projeto foi afetado e os planos foram adiados. A ideia é que cada unidade custe R$ 10.

“Quando entrou a pandemia, eu queria um jeito de ajudar minha comunidade, então a gente conseguiu fazer uma equipe para tentar criar essa moeda, conseguimos lançar e deu uma repercussão mundial. Precisamos de autonomia sobre nossos territórios, nosso produtos, valorizar nossa produção, tirar o atravessador e foi para tentar solucionar esses problemas que criamos a criptomoeda”

Apesar de ainda não estar em pleno funcionamento, a ideia já repercutiu e participa de prêmio internacional. A ideia concorre entre vários projetos que tratam de questões sociais e ambientais de sustentabilidade.

“As pessoas que estão comigo tanto no Cintal Larga como Suruí estão com expectativa boa, com esperança de renovação, união e qualidade de vida melhor através do projeto. Por isso estou na luta e não vou parar. Eu não vejo a tecnologia, a modernidade como uma coisa que vem acabar com a nossa cultura, mas sim que nos ajude a preservar”, argumenta.

Indígena desenvolve criptomoeda para ajudar na economia de povos tradicionais em RO — Foto: Ubiratan Suruí/Arquivo pessoal

Indígena desenvolve criptomoeda para ajudar na economia de povos tradicionais em RO — Foto: Ubiratan Suruí/Arquivo pessoal

“Criptomoeda é um ativo digital usado para a troca de mercadorias. É como se fosse a analogia do nosso dinheiro. O bitcoin é o mais conhecido de todos. Isso que a gente vem chamando de terceira via. Explorar a floresta para agregar valor nos produtos. O que o Elias está fazendo é deixando a floresta em pé e mostrando para o mundo o quanto é importante deixar ela em pé e conseguir uma renda dessa floresta em pé”, explica o doutor e especialista em ciência da computação Ewerton Andrade.

O advogado Fernando Lopes diz que a moeda de Oyxabaten está fundada na ideia de transculturalidade, transnacionalidade e soberania das comunidades indígenas e depende da ajuda de voluntários para ter continuidade.

“Nós entendemos que a população indígena pode vir a ser soberana sobre seus próprios recursos, conforme determina a Constituição, por meio de sua própria moeda. Não há qualquer problema em relação à legalidade”, declara.

Indígena desenvolve criptomoeda para ajudar na economia de povos tradicionais em RO — Foto: Ubiratan Suruí/Arquivo pessoal

Indígena desenvolve criptomoeda para ajudar na economia de povos tradicionais em RO — Foto: Ubiratan Suruí/Arquivo pessoal


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