Os focos de queimadas registrados em Rondônia aumentaram 286% em apenas dois anos. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2013 foram contabilizados 3.662 focos no estado. Já em 2015 os satélites capturaram 14.156 ocorrências de incêndio. O número também é maior dos últimos dez anos.
Segundo o Inpe, setembro foi o mês campeão de queimadas em 2015, com 6.129 ocorrências. Agosto veio logo em seguida, com 3.725 focos. Março, abril e maio são os meses que tiveram menos incêndios, não passando de 15 focos por mês.
Os números do Inpe mostram que em setembro de 2013, no auge da estiagem, o estado teve 1.776 casos. Em 2014 o número saltou para 2.800 casos.
Porto Velho foi o município de Rondônia que mais teve queimadas em 2015 e o segundo da Amazônia, com 4.055 incêndios. Com o resultado, a capital do estado ficou atrás apenas de São Félix do Xingu (PA), que teve 4.298 focos. Na lista dos dez municípios que mais queimaram também aparece Nova Mamoré (RO), com 1.628 ocorrências.
Grandes incêndios
Um dos maiores incêndios registrados neste ano foi na Reserva Indígena Tenharim-Marmelos e o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, entre os municípios de Machadinho D’Oeste (RO), Humaitá (AM) e Manicoré (AM), no mês de agosto. Segundo o Centro Especializado de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo), cerca de 6 mil hectares foram destruídos pelo fogo.
Fogo em reserva de Rondônia durou vários dias
Também no mês de agosto, um incêndio de grandes proporções atingiu uma área de pastagem em Ariquemes (RO), no Vale do Jamari. As chamas se alastraram por várias chácaras próximas da BR-421 e o gado precisou ser retirado rapidamente entre as chamas. Estima se que mais de 15 hectares foram totalmente queimados.
No mês de outubro, a fumaça oriunda das queimadas atingiu a capital Porto Velho e prejudicou a visibilidade no aeroporto internacional Governador Jorge Teixeira de Oliveira e os voos quase foram cancelados. A nebulosidade prejudicou a visibilidade até dos motoristas que trafegavam pela região central da cidade.
Reclamação
A fumaça das queimadas incomodou muitos moradores neste ano. A dona de casa Joana Paula Santos, 42 anos, diz que por diversas noites sentiu dificuldade para dormir em Ariquemes (RO). “A fumaça era muito forte, principalmente aqui na cidade, pois juntava fumaça das queimadas e das cerrarias que têm na cidade”, explica.
Segundo a dona de casa, para poder dormir ela e o marido colocavam uma toalha úmida no quarto e também ligavam o ventilador. “Mesmo assim era complicado, pois não temos ar condicionado. Fico pensando quem tem filho pequeno como sofreu neste período de seca e fumaça”, diz.
Gabriel Santos, 23, também se incomodou com a fumaça e com o calor provocado pelos incêndios. “Quando as queimadas eram perto da cidade, a fumaça pairava de noite e os olhos ardiam. Parecia neblina nas ruas, porém era apenas fumaça. Espero que ano que vem seja menos fogo”, relembra
Período chuvoso
Com o período de chuva se iniciando no estado, o Inpe acredita que os focos de queimadas diminuam nas próximas semanas. Em dezembro, até a terça-feira (8), foram capturadas apenas 69 focos no estado.
O período chuvoso na Amazôniza deve seguir até o mês de maio de 2016.