A filmagem de “Rio da Dúvida – Expedição Científica Roosevelt-Rondon” será encerrada na terça-feira (22), em Espigão do Oeste, a 530 quilômetros da capital de Rondônia. Depois disso, a produção do longa-metragem terá mais três ou quatro dias de filmagem no Rio de Janeiro, encerrando a “aventura-documento” da saga de dois líderes obstinados, o presidente americano Theodore Roosevelt e Cândido Mariano da Silva Rondon, para colocar no mapa do país um rio totalmente desconhecido, importante tributário do Madeira, com 1.500 quilômetros de extensão.
“A produção aqui tem uma importância histórica porque é onde se concentraram dois terços do trabalho de Rondon. E sem sombra de dúvida a região de Espigão do Oeste representou grandes dificuldades para a expedição. Que significam a oportunidade de mostrar a grandiosidade do trabalho do desbravador, foi um momento de glória para Rondon”, disse o pesquisador, roteirista e coprodutor Mário César Cabral Marques.
Estudioso da vida de Rondon, com diversos trabalhos produzidos sobre o militar que foi indicado duas vezes ao prêmio Nobel da Paz em reconhecimento ao caráter pacificador que empreendeu às missões executadas ao longo de 40 anos, Mário Cabral continua: “Pouca gente sabe mas ele, em suas missões, percorreu a pé, em frágeis canoas e em lombo de burro 77 mil quilômetros, o que significa quase duas voltas em torno da terra, nos sertões do território brasileiro.”
No município, onde a equipe chegou em três etapas, nos dias 6, 10 e 14 de agosto, a base dos mais de 25 profissionais é a fazenda Três Corações, cedida por Florisvaldo Alécio de Barros à produção, e situada a cerca de 85 quilômetros da cidade, com acesso precário. O rio da Dúvida passa ao lado da propriedade.
Foi lá que Mário Cabral e outros integrantes receberam o vice-governador Daniel Pereira e o subchefe da Casa Civil Waldemar Albuquerque, quando mantiveram conversas sobre ações que podem ser desenvolvidas, por exemplo palestras e exibição de pequenos vídeos (making of) das filmagens, para que a população conheça mais sobre a expedição, uma iniciativa de Roosevelt após ser derrotado na pretensão de conseguir um terceiro mandato presidencial, em 1912.
“Os dois personagens têm em comum o gosto pela natureza, pela ciência e aventura. Eles constroem talvez a aventura mais esplêndida deles aqui em Rondônia, passando a expedição também por Vilhena e Pimenta Bueno. É um privilégio estar aqui no local onde estes dois vultos estiveram”, disse o vice-governador Daniel Pereira.
Ele registra que Rondon está presente em todos os cantos do estado. “Em Vilhena, tem a Casa do Rondon. Aqui, onde estamos, é a margem do rio que ele desbravou com o parceiro Roosevelt. Do outro lado, no Vale do Guaporé, temos a primeira grande obra herdada dos portugueses, o Forte Príncipe da Beira, abandonado na transição do Império para a República, e Rondon resgata para nós. E ele chega em Porto Velho mais ou menos na época da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. É um personagem mítico”, afirma.
O apoio do governo estadual, da ordem de R$ 300 mil, foi confirmado pelo superintendente de Turismo Julio Olivar, que no sábado (19) acompanhou uma das últimas gravações, na cachoeira Quebra Canoas, não muito longe da fazenda Três Corações.
O filme Rio da Dúvida é produzido pela Barra Filmes, Grupo Casablanca e Memória Civelli. Segundo Mário César Cabral, a montagem está sendo feita paralelamente às últimas gravações em andamento, e o cronograma da produção prevê a conclusão do filme em dezembro, com exibição em festivais nacionais e internacionais a partir de janeiro de 2018.
A expedição de Rondon e Roosevelt foi iniciada em 12 de dezembro de 1913 e concluída em 7 de maio de 1914, atravessando o então desconhecido interior do Brasil – do Sul do atual estado de Mato Grosso do Sul, onde iniciou, passando por Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. Terminou em Belém onde, ainda se recuperando de ferimentos e esforços despendidos na expedição, o presidente americano embarcou em um navio de volta para os Estados Unidos. Em sua homenagem, o rio da Dúvida, identificado o curso e a qual bacia pertenceria, passou a se chamar Roosevelt.
Rondon voltou à Estação Telegráfica de Barão do Melgaço, onde estava quando foi chamado a fazer parte da expedição com o presidente americano.
FICHA TÉCNICA
A direção do filme é de Joel Pizzini; produção executiva de Júlia Moraes; direção de Fotografia Luis Abramo e direção de Arte de Fernando Hargreveas. Os atores principais são Xando Graça (Roosevelt), Rofolfo Vaz (Rondon) e Andre Guerreiro Lopes, no papel do tenente Luiz Thomas Reis, que documentava em imagens a expedição.
“Estamos fazendo dentro do possível uma produção de alto gabarito. Todos os profissionais, de diversos campos, são pessoas gabaritadas, os melhores do mercado, podem ter certeza disso”, disse Mário, para quem o trabalho tem sido desafiador, principalmente nas locações de rios e cachoeiras. Mais informações sobre a história e equipe do filme podem ser obtidas no endereço eletrônico http://www.rondonriodaduvida.com/
A visita do vice-governador ao local contou com apoio da vereadora Lirvani Favero Storch e do vice-prefeito Waltinho Lara, que também debateram com o coprodutor Mário Cabral formas de divulgação do filme no estado, e contrapartidas ao apoio oferecido.
A produção Rio da Dúvida tem patrocínio da Agencia Nacional de Cinema (Ancine), Caixa Econômica Federal, Transpetro, Vale e Termo Norte Energia.