Duas córneas e dois rins. Esses foram os órgãos doados por um jovem de 21 anos, que morreu após se envolver em um acidente de trânsito em Cacoal (RO), durante o final de semana. Logo após o acidente e a autorização da família, os órgãos foram doados à pacientes de Rondônia e São Paulo.
Transplantes de órgãos, Rondônia — Foto: arquivo
Com uma equipe médica formada com mais de 10 profissionais, entre eles médicos, enfermeiros e técnicos, aconteceu a retirada minuciosa dos órgãos. Segundo uma das enfermeiras envolvidas na operação, dentro do centro cirúrgico é preciso ter uma equipe eficiente e eficaz para fazer a retirada dos órgãos.
“Para a cirurgia de captação dos rins é preciso de um cirurgião devidamente capacitado em remoção renal. Aqui em Rondônia temos alguns. Além dele, um enfermeiro para coordenar a sala cirúrgica e fazer a perfusão renal. Um instrumentador que conheça esse tipo de cirurgia também é importante, além dos demais profissionais que já integram o centro cirúrgico”, explicou Renata, enfermeira que participou da cirurgia de remoção dos órgãos.
Além disso, Renata também explicou que para a retirada da córnea, a equipe também precisa ser especialista neste tipo de cirurgia.
“Para a enucleação do globo ocular para posterior remoção da córnea, também é preciso que o profissional seja devidamente capacitado”, disse.
Equipe que realizou o procedimento de retirada dos órgãos da vítima em Rondônia — Foto: arquivo
Quem autoriza a doação?
O paciente doador é um jovem de 21 anos que teve a morte constatada após se envolver em um acidente de trânsito em Cacoal. Mediante a constatação do óbito, o caso é analisado clinicamente e nesta etapa, é possível avaliar se o paciente tem potencial para ser doador de órgãos.
Após a afirmativa do quadro clinico, a enfermeira Renata explica que a equipe dá início ao protocolo de autorização junto à família.
“No Brasil é obrigatória a autorização familiar, de até 4° grau, para a doação de órgãos. Uma vez que a família opta pela doação, inicia um processo árduo de manter esse paciente estável clinicamente para que não haja uma parada cardiorrespiratória, afinal ele está em morte e suas funções vitais estão sendo mantidas por aparelhos e medicamentos”, disse a enfermeira.
A partir do aval dos familiares, inicia-se o procedimento da captação dos órgãos, ofertas e aceitação por meio de compatibilidade do receptor.
Destino dos órgãos
Dois tipos de equipes fazem o levantamento em hospitais para descobrir se há pacientes que estão no aguardo de um órgão, são elas: a Organização de Procura de Órgãos e Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante.
Um dos órgãos foi doado à um paciente de Porto Velho e outro para um paciente de São Paulo. Para realização dos translado dos órgãos foram envolvidas equipes do Serviço Aeropolicial (SAER) e do Corpo de Bombeiros. A ação de transportar os órgãos aconteceu no domingo (13).
Os pilotos do SAER transportaram a equipe médica da Central Estadual de Transplantes de Porto Velho para Cacoal. O delegado Paulo Kakionis, diretor do SAER, enfatizou o compromisso com a vida.
“O doador eternizou uma parte do seu corpo transplantando em outra pessoas e a ação rápida do SAER contribuiu nesse processo”, disse.