O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou neste domingo (15) que um problema técnico provocou uma lentidão na totalização dos votos nas eleições municipais — mas até 21h47, informou, 62% já haviam sido totalizados.
Segundo o ministro, uma falha em processadores de um computador provocou lentidão na totalização dos votos e, consequentemente, na divulgação dos resultados.
“Houve um atraso na totalização dos resultados por força de um problema técnico que foi exatamente o seguinte: um dos núcleos de processadores do supercomputador que processa a totalização falhou e foi preciso repará-lo”, disse o ministro durante entrevista coletiva no TSE.
O ministro explicou que a urna eletrônica imprime o boletim ao final do dia, o que atesta que a votação ocorreu.
“A ideia de que a demora possa trazer algum tipo de consequência para o resultado não faz nenhum sentido. Porque o resultado já saiu quando a urna imprimiu o boletim”, afirmou.
Segundo Barroso, o problema, de hardware, se originou exclusivamente no TSE, sem responsabilidade dos tribunais regionais eleitorais.
“Os dados chegaram para a totalização totalmente íntegros e apenas o processo de somar essas 400 mil seções que ficou extremamente lento em razão de um dos processadores ter sofrido um problema técnico”, disse.
Totalização centralizada no TSE
Na eleição deste ano, a totalização dos votos passou a ser centralizada no TSE, uma decisão que, segundo Barroso, já estava tomada antes de ele assumir a presidência do tribunal.
De acordo com o ministro, os tribunais regionais eleitorais não tiveram responsabilidade pelo problema.
“De fato, houve uma alteração, e a totalização passou a ser feita no TSE. Não foi uma decisão minha. Desde o primeiro momento, eu não tive simpatia por essa opção, mas foi a estabelecida e eu segui. Muito possivelmente, por ser uma novidade, pode ser uma das razões da instabilidade que nós sofremos”, afirmou.
Segundo ele, os tribunais enviaram os dados brutos para que o TSE fizesse a totalização. Mas o ministro afirmou que a falha foi motivada por um problema de hardware e não pelo critério de se fazer a totalização no TSE.
“A justificativa que tenho até agora para a lentidão do sistema foi uma falha de hardware, como se tivesse dado um problema no motor do carro. Não foi por ser a totalização centralizada no TSE”, disse.
Na semana passada, Giuseppe Janino, secretário de tecnologia da informação do TSE, afirmou que a mudança na totalização é uma inovação introduzida na eleição deste ano a fim de trazer celeridade ao processo.
“Para esta eleição, nós implementamos várias inovações. Uma delas é a totalização centralizada. Nós teremos em uma nuvem computacional, a concentração aqui no nosso datacenter, da totalização dos 5.568 municípios. Isso certamente trará muito mais segurança para o processo e celeridade também, porque nós otimizaremos a utilização dos recursos computacionais dentro de uma nuvem que permite inclusive a elasticidade dos requisitos em termos de memória e de processamento”, disse.
Segundo Janino, o processo de totalização era feito no âmbito dos datacenters nos tribunais regionais eleitorais, onde os boletins que saíam das urnas eletrônicas eram transmitidos para cada datacenter do seu respectivo estado.
Ele explicou que os “boletins eram assimilados por dois computadores de alta performance em cada datacenter e faria ali o processamento da totalização. E o TSE simplesmente fazia a leitura desses bancos de dados e a divulgação dos resultados”. “Este ano nós estamos concentrando a totalização no datacenter do TSE.”
Confiabilidade
O ministro Luís Roberto Barroso afirmou que a falha “nada tem a ver com confiabilidade” da eleição e não gerou nenhuma consequência grave.
“Não há nenhum risco de o resultado não expressar o que efetivamente foi votado. Um acidente de percurso sem nenhuma vítima. Um atraso que espero que seja só de algumas horas”, declarou.
Barroso disse que não há como se fraudar o resultado porque os resultados em cada urna são impressos em um boletim, ao final da votação, e afixados na seção eleitoral e distribuídos aos partidos.
“Eu trabalho com fatos. Ao final do dia de votação a urna imprime o resultado. Não há mais como fraudar. Esses resultados foram impressos, foram comunicados ao TRE, o TRE encaminhou ao TSE. O TSE teve um problema de lentidão na totalização desse resultado. Qualquer candidato a qualquer tempo pode conferir o resultado das urnas com o resultado que vier a ser divulgado pelo TSE”, complementou.
Vazamento de informações
O ministro afirmou que a Polícia Federal apurou a existência de um vazamento de dados ocorrido no dia 23 de outubro de informações administrativas sobre ministros aposentados e antigos funcionários do TSE.
“Provavelmente se refere a fatos bastante pretéritos, porque as informações vazadas são de 2001 e 2010, e informações irrelevantes”, afirmou.
“Um vazamento sem nenhuma relevância e consequência para o processo eleitoral. Esse ataque aparentemente teve sua origem em Portugal. E sempre lembrando: as urnas não estão em rede. Não são vulneráveis a um tipo de ataque que possa interferir no processo eleitoral”, acrescentou.
Urnas eletrônicas
De acordo com o presidente do TSE, 3.509 urnas eletrônicas apresentaram defeito neste domingo (0,78% do total). Segundo ele, todas foram substituídas a tempo, e em nenhum município brasileiro foi preciso realizar a votação manual.