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Jaru, 23 de novembro de 2024

Estudo identifica remédio capaz de reduzir mortes de pacientes graves com coronavírus

O resultado preliminar de um estudo da Universidade de Oxford concluiu que um remédio antigo e barato reduziu o número de mortes por Covid-19 em pacientes internados em estado grave.

A novidade contra o novo coronavírus é um velho conhecido: um tipo de corticoide usado desde o começo dos anos 1960.

O remédio trata várias condições: de doenças de pele a asma. Ele é eficaz na fase mais perigosa da Covid-19. Quando os sintomas persistem, o sistema imunológico pode reagir exageradamente ao vírus: ele acaba atacando os próprios órgãos do corpo. É o que os médicos chamam de “tempestade inflamatória”.

O anti-inflamatório pode segurar esse “autoataque” do corpo, evitando a falência de órgãos. Segundo a Universidade de Oxford, quase a metade de todos os infectados pelo novo coronavírus que precisam de respirador corre risco de morte. Esse tipo de corticoide reduz esse risco para perto de um terço.

O ensaio clínico envolveu mais de 6 mil pessoas. Mais de 2 mil pacientes em estado grave receberam o corticoide por dez dias. E mais de 4 mil pacientes, também em estado grave, não receberam o anti-inflamatório.

Ao comparar os dois grupos, os pesquisadores dizem que o remédio previne uma morte a cada oito pacientes que respiram por aparelho. Entre os infectados que precisam de oxigênio, mas não estão entubados, o corticoide salva 1 em cada 25 internados.

É um resultado bom e barato, o que pode salvar muitas vidas em países pobres também. É por isso que os pesquisadores falam em “grande avanço”. Mas nem adianta correr para farmácia: o tratamento não apresentou nenhum benefício em pessoas com sintomas leves.

O remédio já é usado em alguns hospitais do Brasil.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o doutor Clóvis Arns da Cunha, comemorou o resultado do estudo com uma medicação barata e de acesso universal.

“A consequência prática é que todo médico que for atender pacientes com pneumonia com hipoxemia por Covid – hipoxemia é a falta de oxigênio – e pacientes que estão em ventilação mecânica, o médico deve prescrever porque é o único remédio que mostrou, por enquanto, que pode salvar vidas”.

Mas ele reforçou o alerta. “Este remédio não deve ser usado pra prevenção da Covid, porque o corticoide pode ter vários efeitos colaterais. Deixe que o médico oriente quando você deve usá-lo. Repito, é para pacientes hospitalizados que nós vamos usar”.

A descoberta é parte de um dos maiores ensaios clínicos mundiais. A Universidade de Oxford vem testando contra o novo coronavírus vários remédios que já existiam.

Os pesquisadores também testaram e descartaram a eficácia da hidroxicloroquina contra Covid-19.

O primeiro-ministro britânico disse que a descoberta com o corticoide é como um feixe de luz. O governo vai adotar esse anti-inflamatório como tratamento padrão em casos graves. Ainda não é uma prevenção ou cura. Mas o mundo agora já tem um tratamento comprovado.

A chamada ‘Coalizão Covid-Brasil’ também está estudando, desde abril, a eficácia do uso desse tipo de corticoide contra Covid-19. Quarenta hospitais de todas as regiões do país participam da pesquisa coordenada pelo Hospital Sírio-Libanês, em parceria com a Aché Laboratórios. Mais de 280 pacientes com ventilação mecânica e internados em UTIs já participaram da pesquisa. Os primeiros resultados devem ser divulgados em agosto.


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