A questão da Covid-19 nos animais de estimação já rendeu diversos estudos, e um recente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) apontou que 11% dos cães e gatos que habitam casas de pessoas que tiveram Covid-19 apresentam o vírus nas vias aéreas, mas não desenvolveram a doença.
O estudo da doutoranda Bruna Duarte Pacheco aponta que esses animais apresentam exames moleculares positivos para SARS-CoV-2, mas não contam com sinais clínicos da doença. Para concluir isso, o grupo de pesquisadores analisou 45 cães e dez gatos, divididos em dois grupos: os que tiveram contato com pessoas diagnosticadas com Covid-19 e os que não. A ideia era identificar sintomas respiratórios semelhantes aos dos tutores, dificuldade para respirar ou secreção nasal/ocular.
Os pesquisadores realizaram testes moleculares em amostras coletadas da nasofaringe e sangue. A conclusão que se tira é que a possibilidade de cães e gatos transmitirem a doença é muito pequena. O estudo aponta ainda que, cerca de 90% dos animais, mesmo tendo contato com pessoas positivadas, não têm o vírus nas vias aéreas.
“Possivelmente, os cães e gatos, na maioria das vezes, assim como ocorre com crianças, têm menos receptores para o capsídeo viral [camada externa de proteínas que envolve o vírus], o que impede a penetração ativa de grande carga parasitária viral em suas células”, explica o médico veterinário, Marconi Rodrigues de Farias, professor da Escola de Ciências da Vida da PUCPR, um dos responsáveis pelo estudo.
“Pelo fato de o vírus ter baixa taxa de replicação no organismo de cães e gatos, os animais não contribuem para a perpetuação e disseminação do SARS-CoV-2. Até o momento, pode-se afirmar que eles têm baixo potencial no ciclo epidemiológico da doença”, completa.
Mas o grupo faz uma ressalva: o vírus pode sofrer mutação, então é preciso entender melhor se, em contato com os animais, as mutações impliquem em passar a infectar também os cães e os gatos. Sendo assim, ainda se faz importante evitar que o cão e o gato tenham acesso a uma alta carga viral, considerando que é algo que pode favorecer a mutação. O próximo passo é analisar se cães e gatos produzem anticorpos contra o vírus.