O Ministério Público Federal (MPF) alertou o Ministério da Saúde, nesta sexta-feira (12), sobre o possível desabastecimento de oxigênio em Rondônia e pediu providências urgentes mediante o colapso na saúde do estado.
O ofício encaminhado pelo Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (Giac), ao ministro da saúde, Eduardo Pauzello, explica que o sistema de saúde de Rondônia está com taxa máxima de ocupação de leitos de UTI há 48 dias, além de fila de espera com mais de 130 pacientes, sendo 98 em estado grave.
A Cacoal Gases, empresa que abastece 31 municípios do estado, também comunicou essa semana às autoridades de saúde de Rondônia sobre o risco de faltar de oxigênio para pacientes com Covid-19.
No comunicado, a empresa explicou que precisa de insumos, como nitrogênio, argônio e CO² líquido, entre outros, para manter a produção diária. Porém os fornecedores e fabricantes desses itens, com sedes nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste “passaram a não mais programar a remessa de tais insumos” o que inviabiliza a manutenção de toda a produção.
A empresa diz que teme pelo caos em um curto espaço de tempo e declarou que só tem insumos suficientes para fornecer oxigênio por mais 15 dias, caso não haja remessa de insumos por parte dos fabricantes.
Procurado pela CBN Amazônia, o Governo de Rondônia declarou que o estado conta com um armazenamento considerável e descartou a possibilidade de falta de oxigênio. A Prefeitura de Porto Velho também diz que não corre risco de desabastecimento.
Entretanto, cidades do interior começam a esboçar preocupação, principalmente os municípios considerados menores. O prefeito de Cujubim, Pedro Fernandes, se pronunciou sobre o caso:
“Embora nossa cidade seja pequena, oxigênio é vida, e nossos profissionais já salvaram muitas vidas com esse oxigênio. Recebo essa notícia preocupado também com as demais cidades, que recebem os pacientes de Cujubim e de outras localidades em seus leitos de UTI. Se as fábricas não conseguirem insumos, o colapso será geral”, disse o prefeito.
Vacinação
Além do comunicado sobre o oxigênio, o MPF pede que o Ministério da Saúde avalie a possibilidade de enviar mais vacinas para Rondônia, como foi feito com outros estados da região Norte, considerando a situação de colapso.
Cenário de caos no Amazonas
O estado vizinho passou por um cenário de caos com a falta de oxigênio, durante recordes nos casos de Covid, Manaus precisou enviar pacientes que dependiam dele para outros seis estados. Parentes de pessoas internadas tiveram que comprar cilindros com o gás por conta própria.
O desabastecimento não afetou somente os pacientes com Covid: bebês e grávidas precisaram ser transferidos para não ficarem sem oxigenação.
O oxigênio é essencial para a sobrevivência humana. Sem ele, as células do nosso corpo não funcionam, e nós morremos.
Avanço da tragédia em Rondônia
O estado contabilizou mais 35 mortes por Covid-19 nesta sexta-feira (12), segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). O estado já soma 3.313 vítimas fatais da doença.
Nos primeiros 12 dias de março, mais de 460 rondonienses morreram. O recorde de registro diário de mortes aconteceu na segunda-feira (8):
Infectologistas dizem que Rondônia está no pior cenário da pandemia até agora. A rede pública de saúde está em colapso e a rede privada chegando a ele. Rondonienses precisam ser transferidos para outros estados por causa da fila de espera por leitos de UTI. A vacinação acontece a conta-gotas. Festas com aglomerações são flagradas diariamente. A tragédia avança com rapidez e os espaços nos cemitérios estão se esgotando.
- a primeira morte por Covid foi registrada em Rondônia no dia 29 de março de 2020,
- após 138 dias o estado chegou a 1.000 vítimas fatais,
- 156 dias depois Rondônia chegava ao total de 2.000 vidas perdidas
- e demorou apenas 47 dias para chegar aos 3 mil mortos