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Jaru, 28 de março de 2024

Detento que matou colega de cela em presídio de RO alegou vingança, diz Polícia

Um dos dois detentos que confessaram terem assassinado um preso de 30 anos, disse à Polícia Civil que cometeu o crime por vingança, no Centro de Ressocialização de Ariquemes (RO), no Vale do Jamari. A morte de Fabiano Andreotti de Souza, foi descoberta por volta das 8h30, da última segunda-feira (28).

De acordo com a Polícia, o autor do crime despertou o desejo de vingança após saber que Fabiano havia assassinado o irmão dele, em 2015, na cidade de Buritis (RO).

Ao G1, o delegado regional, Rodrigo Duarte revelou que durante o período de convivência com cerca de outros 16 presos da cela 20, na unidade prisional, Fabiano Andreotti declarou ter assassinado essa determinada pessoa e passado as características dela.

“Pelas circunstâncias que ele alegou ter praticado este homicídio e pela descrição da vítima que ele teria assassinado, um dos detentos concluiu que se tratava do próprio irmão. Então, ele planejou o homicídio no interior da cela e contou com o auxílio de um comparsa, essa versão foi dada pelos presos”, disse o delegado.

Crime ocorreu na cela 20 do Centro de Ressocialização de Ariquemes — Foto: Polícia Civil/DivulgaçãoCrime ocorreu na cela 20 do Centro de Ressocialização de Ariquemes — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Crime ocorreu na cela 20 do Centro de Ressocialização de Ariquemes — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Segundo Duarte, as informações passadas pelo preso estão sendo verificadas com a Delegacia de Buritis para saber se esse homicídio realmente aconteceu e se a vítima era de fato, o irmão dele.

Objeto do crime

Para a Polícia Civil, os dois detentos conseguiram o ‘chucho’, que é um objeto perfurante artesanal, dentro da própria cela.

Morte do detento foi confirmada na manhã da última segunda-feira (28). — Foto: Jeferson Carlos/G1Morte do detento foi confirmada na manhã da última segunda-feira (28). — Foto: Jeferson Carlos/G1

Morte do detento foi confirmada na manhã da última segunda-feira (28). — Foto: Jeferson Carlos/G1

“A cela tem algumas composições de concreto e esse concreto teria sido destruído, a ponto deles extraírem esse elemento perfurante. Então, não há informação de que tenha existido o ingresso facilitado por familiares ou por agentes penitenciários, isto não consideramos até o presente momento”, destacou Rodrigo Duarte.

O instrumento utilizado pelos presos foi apreendido pela polícia e será submetido a perícia, para que se verifique a possibilidade de coleta de impressões digitais.

Dinâmica do homicídio

Conforme a Polícia, um dos presos teria dominado e segurado a vítima enquanto o outro desferiu cerca de 28 golpes somente nas regiões letais, como no coração e no pescoço.

Outros 16 presos dividiam a cela com Fabiano Andreotti e participação será investigada, diz Polícia — Foto: Jeferson Carlos/G1Outros 16 presos dividiam a cela com Fabiano Andreotti e participação será investigada, diz Polícia — Foto: Jeferson Carlos/G1

Outros 16 presos dividiam a cela com Fabiano Andreotti e participação será investigada, diz Polícia — Foto: Jeferson Carlos/G1

Para o delegado, o crime ocorreu durante a madrugada de segunda-feira e não está descartada a hipótese de outros presos terem auxiliado na ação, em razão do porte físico de Fabiano. Mas todos os outros presos que estavam na cela afirmaram que estavam dormindo no momento da execução e que não viram nada.

“É natural que tenha existido uma luta corporal dentro da cela e não procede também o fato de que eles estavam dormindo e não viram nada. Porque uma pessoa sendo executada daquela maneira faz um escândalo dentro da cela, então é impossível que eles não tenham visto”, ressaltou Rodrigo Duarte.

A versão apresentada pelos outros presos da cela também está sendo apurada pela Polícia Civil e se confirmada, outros detentos serão responsabilizados pelo crime.

Quem era Fabiano

Fabiano Andreotti de Souza, o pai dele João Luiz de Souza e outros dois homens foram considerados culpados pela morte e desaparecimento dos três corpos da família Gonzales, em Monte Negro (RO), em julho de 2012.

Todos os réus foram julgados em setembro de 2014, na cidade de Ariquemes. Fabiano foi condenado a 35 anos e dois meses de reclusão por ter planejado e assassinado a família, mas ele permaneceu foragido até junho de 2018, quando foi preso dentro de um táxi tentando fugir para Guajará-Mirim (RO).

Famíla de Monte Negro desapareceu em 2012 e corpos nunca foram encontrados — Foto: Reprodução/TV RondôniaFamíla de Monte Negro desapareceu em 2012 e corpos nunca foram encontrados — Foto: Reprodução/TV Rondônia

Famíla de Monte Negro desapareceu em 2012 e corpos nunca foram encontrados — Foto: Reprodução/TV Rondônia

O pai de Fabiano era vizinho da família Gonzales e o interesse pelos bens das vítimas teria motivado o crime. Diversas buscas foram realizadas em toda a região, mas os corpos do casal e o filho nunca foram localizados.

Condenados assassinados

Lorivaldo Pereira de Oliveira, considerado como como “peça chave” do caso e que teria planejado o sequestro e a execução da família Gonzales foi condenado a 43 anos. Ele fugiu da então Casa de Detenção de Ariquemes, em fevereiro de 2014, mas foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Militar (PM) dias depois em Machadinho D’Oeste (RO).

João Luiz de Souza foi morto dentro de carro na BR-421, em Ariquemes, em 2017 — Foto: Diêgo Holanda/G1João Luiz de Souza foi morto dentro de carro na BR-421, em Ariquemes, em 2017 — Foto: Diêgo Holanda/G1

João Luiz de Souza foi morto dentro de carro na BR-421, em Ariquemes, em 2017 — Foto: Diêgo Holanda/G1

Já João Luiz de Souza, Pai de Fernando Andreotti, foi assassinado a tiros dentro de um carro na cabeceira da ponte do Rio Jamari, na BR-421, em Ariquemes, em outubro de 2017. O genro dele, de 25 anos e que dirigia o veículo também foi morto no local.


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