Após a repercussão de um vídeo nas redes sociais em junho deste ano, em que o delegado Daniel Pedreiro Trindade aparece atuando como uma espécie de juiz da luta entre presos da 70ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), no município de Juruá (a 571 quilômetros de Manaus), novamente ele é identificado em outro vídeo, desta vez agredindo três presos com ripadas nas mãos e na sola dos pés. Nas imagens ao qual A CRÍTICA teve acesso, supostamente filmada por um policial militar identificado apenas como “Felipe”, o delegado, atualmente afastado, agride com dez ripadas nas mãos um preso. Em outro vídeo, Trindade aplica as ripadas na sola dos pés no mesmo preso, que não aguentava mais apanhar nas mãos. Um outro preso, durante as agressões, pede para cessar as ‘ripadas’, porém, o delegado diz que ainda não concluiu o castigo. As agressões são feitas dentro das celas na presença de outros presos que aguardam a ‘convocação’ na fila. Conforme a descrição do vídeo, as cenas foram gravadas no dia 17 de maio deste ano, quando Trindade não estava afastado e atuava como delegado no município de Juruá. Outro município A transferência de Daniel Trindade da delegacia de Juruá para Carauari foi suspensa pelo Tribunal de Justiça do Amazonas. Mas, por telefone, ele disse que não mais reside em Juruá e que está em Carauari para assumir a função de delegado. Disse, ainda, que não promoveu agressões ao presos de Juruá, diferente do que mostra as imagens. Entretanto, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informa que ele continua afastado de suas atribuições conforme determinação de portaria da Corregedoria Geral do Sistema de Segurança Pública. Depois da divulgação do vídeo, Daniel Trindade justificou que não provoca agressões entre os presos, mas ministra aulas teóricas e práticas de jiu-jitsu e MMA ao presos, para ajudá-los no processo de ressocialização. Ainda segundo Trindade, o projeto era feito desde maio do ano passado. O delegado, denunciado por incitar brigas entre detentos dentro da delegacia, entrou com um mandado de segurança alegando que a decisão da Polícia Civil foi ilegal. Mãe de vítima faz denúncia A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informou que o delegado Daniel Trindade também está sendo investigado pela Corregedoria da pasta pelo possível abuso sexual de cinco meninas, todas com idades entre 11 e 16 anos. O processo contra ele segue aberto. A mãe de uma das supostas vítimas (uma adolescente de 15 anos), que preferiu não se identificar, disse que Daniel Trindade chegou a ameaçá-la por mensagens via aplicativo WhatsApp. “Cheguei a perguntar dele (delegado) se era durante as palestras nas escolas que ele escolhia as vítimas, se passando por autoridade e bom moço”, disse a mãe da vítima.
Fonte: A CRÍTICA